Os jornais anunciaram com letras grandes na sexta-feira (26) que o setor público brasileiro conseguiu terminar o mês de abril poupando 12,9 bilhões de reais. Festejaram o número, dizendo que se trata do mais alto “superávit primário” dos últimos dois anos.

Mas não há motivos para comemorar, a não ser que se considere que poupar impostos para pagar juros seja positivo.

Quando se leva em conta o chamado resultado nominal (i.e., aquele que inclui as despesas com juros pagas pelo setor público), o que se percebe é que não apenas tivemos um déficit de 15,4 bilhões de reais em abril, como pagamos 28,3 bilhão de reais no período de um mês apenas com juros – quase 1 bilhão por dia transferidos do bolso de cada um de nós contribuintes para os detentores dos títulos da dívida pública.

Se olharmos para o resultado nominal acumulado nos últimos doze meses (um ano de governo de Michel Temer), aí então dá vontade de fugir para Atlântida. Foram R$ 582 bilhões ou o equivalente a assustadores 9,2% do PIB, o pior resultado desde novembro de 2016. Deste total, R$ 437 bilhões (ou 6,7% do PIB) foram entregues sem intermediários, sem mala preta e sem reunião nos porões do Jaburu para a privilegiadíssima classe de rentistas que está sentada no topo da pirâmide social brasileira.

Fica a pergunta: o que será que estão comemorando os porta-vozes do mercado?

`