Com a crise que se abateu sobre o governo com a delação da JBS, no dia 17 de maio, Temer parece estar com os dias contados, mas não renuncia e pede perícia nas gravações, na tentativa de ganhar tempo, ao menos até o dia 6 de junho, quando o TSE julga a cassação da chapa Dilma-Temer. O Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito contra Temer e Luís Roberto Barroso, ministro do Supremo, liberou a ação que permite a realização de eleições diretas no caso de dupla vacância da Presidência depois de dois anos de mandato.

Na Câmara, nove pedidos de impeachment foram protocolados, além de um que a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) deve protocolar na próxima quinta-feira. Cabe a Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara e fiel aliado de Temer, aceitar ou não os pedidos. Maia não pretende romper com Temer e não vai abrir processo de impeachment. A oposição promete obstruir a pauta no Legislativo e não votar nada enquanto não for formada a Comissão de Análise do Impeachment e não for analisada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que estabelece eleições diretas se Temer cair.

Até agora o PSB (com sete senadores e 27 deputados) foi o único partido a deixar a base do governo. O maior risco é a saída do DEM e do PSDB, que decidiram esperar. Temer pediu aos líderes de partidos governistas compromisso com o avanço da agenda política e econômica e empenho para aprovar as reformas nas próximas duas semanas, o que faria o governo recuperar apoio do mercado financeiro e da elite econômica, que até agora não demonstraram publicamente apoio a Temer.

Nesta terça-feira, 23 de maio, o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) apresenta o relatório da Reforma Trabalhista na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado. Na Câmara está marcado também para hoje o debate na Comissão Especial da Reforma Política sobre o relatório parcial que trata das regras, sistemas eleitorais e financiamento de campanha. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, defende a manutenção da agenda legislativa e marcou a votação da Reforma da Previdência para o período entre 5 e 12 de junho.

O ministro Henrique Meirelles, que apesar de ter sido presidente do Conselho de Administração da JBS entre 2012 e 2016, está blindado pela mídia e é colocado acima de qualquer suspeita pelas elites econômicas do país e defende que as reformas devem andar com ou sem Temer, pois são reformas de Estado e não de governo.

Aliados dizem que se o governo não obtiver sucesso nesses primeiros testes no Congresso e perder apoio de sua coalizão, será o fim. O governo vai enfrentar, além da resistência da oposição parlamentar, que promete barrar todas as votações, uma mobilização das forças populares e centrais sindicais contra as reformas Trabalhista e da Previdência, o “Ocupa Brasília” que inclui marcha, ato político e uma série de ações na Esplanada dos Ministérios. O protesto já estava agendado antes do escândalo.

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