Reforma da previdência precariza regiões vulneráveis
Um artigo publicado pela urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo Raquel Rolnik em seu blog fez uma associação entre a proposta de reforma da Previdência proposta pelo governo golpista de Michael Temer e a expectativa de vida da população dos distritos administrativos do município de São Paulo. O resultado verificado foi que a reforma previdenciária penaliza a população mais vulnerável socialmente, que, mesmo após contribuir ao longo da vida laboral, não conseguirá aposentar-se.
Ao argumentar que a expectativa de vida média dos brasileiros vem aumentando nas últimas décadas, a primeira versão da proposta de Temer enviada para Câmara dos Deputados colocou que a idade mínima para que homens e mulheres se aposentarem seria de 65 anos, com no mínimo 25 anos de contribuição previdenciária. De fato, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a média de esperança de vida ao nascer é de 75,4 anos na população brasileira.
No entanto, ao desagregar esse indicador para além da média nacional, observou-se diferentes situações entre a população que habita os distritos paulistanos. Segundo Rolnik, dos 96 distritos administrativos da cidade de São Paulo, 36 deles apresentam médias inferiores aos 65 anos propostos na Reforma da Previdência. Para se ter uma ideia, enquanto no Alto de Pinheiros, na Zona Oeste, a expectativa de vida é de 79,7 anos, no distrito de Cidade Tiradentes, na Zona Leste, esta média é de apenas 53,8 anos.
Os distritos que possuem menor expectativa de vida são justamente as regiões com piores condições sociais, o que mostra que a reforma golpista irá penalizar justamente os que mais precisam, deixando à margem um conjunto de trabalhadores que possivelmente entrarão situação de risco ao envelhecer por não conseguirem vender seu único bem que é sua força de trabalho.