A delação que derruba o golpe
O Brasil terminou a quarta-feira completamente diferente de como começou. O país foi atingido por uma bomba de proporções ainda desconhecidas. A única certeza é que Temer está encurralado. Liquidado. É o fim da linha para o seu governo.
A divulgação da informação de que Michel Temer foi gravado durante uma negociação para comprar o silêncio de Eduardo Cunha altera todas as narrativas e as posições que os principais personagens políticos do país vinham ocupando.
O governo golpista agora é chefiado por um homem retratado como integrante de uma máfia que compra o silêncio de pessoas e considera a possibilidade de assassinar outras. Todas as acusações e insinuações que eram feitas sobre Lula e o PT se voltam completamente para Michel Temer, Aécio Neves, Zezé Perrela e outros que integram o núcleo político do governo.
A diferença é que nessa nova situação existem provas e elas são muito claras. A conclusão, mais uma vez, é simples: acabou para Temer. É o fim do governo golpista. O Palácio do Planalto, em um ato de desespero, chegou a divulgar uma nota afirmando que Temer nunca participou de negociações para comprar o silêncio de Eduardo Cunha, mas de nada adiantou. Os comentaristas da Globonews só falam sobre quais são as possibilidades caso Michel Temer deixe de governar.
Essa reviravolta coloca em xeque a tramitação das reformas trabalhista e da Previdência. É grande a probabilidade de que elas não sejam concluídas porque o governo perde toda a sua força. Sinal de que a “Ponte para o futuro” ruiu. Não deve restar nem uma pinguela.
É de se imaginar a expressão e o sentimento daqueles que diziam que “qualquer coisa é melhor do que a Dilma”. Não foi uma nem duas vezes que eles foram avisados de que estavam sendo usados como massa de manobra, de que estavam levando para o poder o que existe de pior na política brasileira. Entre essas pessoas, com certeza, deve haver um sentimento de vergonha naquelas que durante as manifestações contra o governo Dilma vestiram camisetas onde se lia “A culpa não é minha, eu votei no Aécio”.
Famosos como Luciano Huck e Ronaldo Nazário, amigos íntimos de Aécio, usaram camisetas desse tipo. O que vão dizer esses que posavam de defensores da moralidade? O que vai dizer Huck, que surgia como o “novo” para a política brasileira, sobre a sua proximidade com Aécio?
As Organizações Globo, uma das mais importantes protagonistas e fiadoras do golpe de Estado de 2016, que incitou milhões de pessoas a saírem às ruas pedindo o impeachment de Dilma, foi a empresa escolhida como endereço para o vazamento da informação. Em função da publicação, o colunista Lauro Jardim chegou a ironizar as críticas de que a Globo é uma mídia golpista, mas convenhamos, qual empresa de jornalismo, em sã consciência, não daria uma informação tão concreta como essa e deixaria pra outro veículo publicar?
O importante é que, imediatamente, o povo se mobilizou e ocupou a Av. Paulista e os arredores do Palácio do Planalto para exigir a saída de Temer da presidência. Nessa quinta, mais protestos vão ocorrer: vamos ocupar as ruas e lutar até que Michel Temer renuncie ou seja retirado do cargo. Agora, é exigir que a democracia seja reestabelecida e pra isso só há uma saída: Diretas Já, companheiras e companheiros!
Conforme o tempo passa, mais fica claro que as palavras de Dilma Rousseff que rodaram o mundo denunciando o golpe de Estado que o Brasil sofria eram verdadeiras.