O candidato de centro-esquerda do Partido Democrata, Moon Jae-In, venceu as eleições presidenciais na Coreia do Sul nesta terça, 9, com cerca de 40% dos votos. Em segundo lugar ficou o conservador Hong Joon-Pyo, com 25%. Seu governo pretende realizar rupturas significativas com o programa de sua antecessora, Park Geun-Hye, sobretudo na tradicional disputa geopolítica com a Coreia do Norte.

Moon é filho de pais norte-coreanos que se refugiaram no sul durante a Guerra da Coreia. Sua juventude foi marcada pela atuação contra a ditadura de Park Chung-Hee (que é, inclusive, pai da ex-presidenta), pela qual foi preso durante um protesto estudantil. Integrou, posteriormente, as forças militares especiais e fez carreira como advogado especializado em defender os Direitos Humanos, com foco em atuar a favor de pessoas presas durante manifestações. Foi, também, grande amigo e chefe de gabinete de Roh Moo-Hyun – presidente entre 2003 e 2008, que cometeu suicídio em 2009, após acusações de corrupção contra parentes e aliados.

Durante quase dez anos a presidência da Coreia do Sul esteve nas mãos dos conservadores, alinhados às vontades dos Estados Unidos e com postura militarizada em relação à Coreia do Norte. Isso beneficiou os estadunidenses, já que os sul-coreanos se mostraram fiéis aliados na defesa da segurança da região. Moon, por seu turno, pretende mudar tal contexto. Ele defende o diálogo e a aproximação com Pyongyang, ao mesmo tempo que propõe sair da sombra das asas norte-americanas. O presidente eleito não viu com bons olhos a implementação do escudo antimísseis na Coreia do Sul por parte de Donald Trump, por exemplo.

Porém, o cálculo entre se afastar dos EUA e manter conversas amistosas com o vizinho do norte deve ser meticuloso. E não será fácil. O Partido Democrata não detém a maioria das cadeiras no parlamento, perdendo em números para os conservadores: 120 a 127. Também, deve-se levar em consideração a ânsia histórica dos norte-coreanos em reunir a península e como o sul seria um alvo fácil de sua artilharia, ou na pior das hipóteses, de suas bombas nucleares.

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