Pouco foi escrito sobre a Europa no imediato pós-guerra entre 1945 e 1950. O que normalmente sabemos é sobre a divisão do território concluída pelos três grandes em Potsdam, a divisão da Alemanha em quatro Zonas de Ocupação, o julgamento de Nuremberg, o Plano Marshall, o início da Guerra Fria em 1947 e o Acordo do Carvão e do Aço de 1951.

Normalmente, a reconstrução europeia somente é comentada a partir do momento em que ela já ocorreu e não desde que a guerra terminou. Historicamente, há um hiato entre o fim da guerra e a Europa reconstruída, sem mencionar o processo da reconstrução, e, principalmente, o que ocorreu com os sobreviventes nos países mais afetados pela guerra.

O autor não trata da reconstrução, mas sim da deterioração moral dos povos europeus a partir do momento em que a guerra formalmente terminou, mas cujos desdobramentos violentos prosseguiram por vários anos por meio de limpezas étnicas, estupros coletivos, reabertura de campos de concentração, deslocamentos forçados de grupos étnicos, retaliações contra o povo alemão, vinganças de oprimidos contra opressores, renascimento do antissemitismo, entre outras mazelas.

O ódio, ressentimento e vingança que caracterizou o período, retratado com muita precisão pelo historiador, ajudam a explicar diversos conflitos ocorridos no continente europeu ao final da guerra fria e os questionamentos que o projeto de integração mais desenvolvido do mundo, a União Europeia, enfrenta atualmente.

Título: Continente Selvagem: O Caos na Europa Depois da Segunda Guerra
Keith Lowe, 2012, publicado pela Zahar.

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