Uma manifestação da extrema direita contra a nova Lei de Migração terminou em prisões na última terça-feira (2/5), em São Paulo. O ato foi interrompido por explosão de, pelo menos, uma bomba caseira e a autoria, mesmo sem provas concretas, recaiu sobre quatro pessoas, entre elas o palestino Hassan Zarif – dono do bar Al Janiah, conhecido por abrigar refugiados. Nenhum manifestante foi detido.

Na organização estavam grupos como, por exemplo, o Direita São Paulo. Durante o protesto, que ocorreu na Avenida Paulista e contou com cerca de 50 pessoas, houve discursos xenofóbicos segundo os quais os imigrantes seriam terroristas em potencial e que associavam islâmicos a criminosos. O aspecto político partidário também não foi deixado de lado. Até o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, do PSDB, o autor do projeto, foi chamado de traidor. O secretário de Assuntos Estratégicos nomeado por Michel Temer, Hussein Kalout, foi acusado de ser do Hezbollah e até as parcerias que o prefeito de São Paulo, João Doria, está negociando com os Emirados Árabes Unidos foram questionadas.

A nova Lei de Migração foi aprovada no dia 18 de abril no Senado e espera a sanção do presidente. Se sancionada, irá revogar o Estatuto do Estrangeiro, feito ainda no período da ditadura. A mudança mais importante diz respeito à garantia de igualdade de direitos aos imigrantes que chegam ao Brasil, abandonando a visão de que estes seriam uma ameaças e passando a tratar a questão sob a égide dos Direitos Humanos. Além disso, garante aos imigrantes acesso aos serviços públicos e à Previdência Social. Poderão ainda participar de sindicatos, protestos e concorrer a cargos públicos.
Quando entrar em vigor a nova lei, a política migratória brasileira será pautada pelo repúdio à xenofobia e ao racismo.

A manifestação é parte do avanço das posições da ultradireita ao redor do mundo. Isso fica claro quando, em uma das falas, houve o apoio à expulsão dos imigrantes da comunidade europeia. Vale lembrar que o sentimento anti-imigração foi um dos pilares da saída do Reino Unido da União Europeia e da eleição de Donald Trump para presidente dos EUA. Este, aliás, foi apoiado publicamente pelo mesmo grupo durante a campanha eleitoral estadunidense. Mais uma vez a política externa brasileira vai na contramão do que é observado no cenário internacional. Porém, dessa vez, na direção certa, se a lei for sancionada.

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