A greve geral do último dia 28 foi um grande sucesso. A grande imprensa contou outra história, mas a verdade é que uma simples caminhada pelos centros das grandes cidades já era suficiente para percebermos o impacto da mobilização.

Ainda assim, o governo golpista segue intransigente e corresponde ao discurso dos barões da comunicação, dando de ombros para uma substancial mobilização dos trabalhadores. E isso só serve para o movimento crescer. Até então com uma postura mais tímida, a Força Sindical radicalizou, aumentou o tom do discurso e agora critica tanto a reforma trabalhista como a reforma previdenciária.

Por sua vez, a CUT avalia se é o caso de uma grande “invasão” a Brasília às vésperas da votação, de uma outra greve geral – que pode ser de até dois dias – ou ainda se faz os dois. A narrativa dos golpistas que tentaram deslegitimar o movimento ligando-o ao PT e a Lula não funcionou. As pesquisas apontam para uma substancial maioria da população brasileira contrária às reformas.

Outro que perdeu e muito a chance de ficar calado foi o prefeito João Doria. Acusou os grevistas de vagabundos, infernizou o primeiro de maio da CUT e apoiou a estupidez do prefeito regional de Pinheiros, que anunciou em vídeo que funcionários daquela região dormiriam em seus trabalhos para não paralisarem as atividades e afirmou que apoia greves, mas “não em dias de trabalho”. As ações antissindicais e de guerra do prefeito não prestam nenhum serviço à prefeitura, apenas fazem de João Dória um grande avalista do governo Temer, que já é o mais mal avaliado da história recente da democracia brasileira.

Um destaque muito importante, além de uma efetiva articulação entre as centrais sindicais brasileiras, foi a participação de outros movimentos na paralisação, como o MTST e o MST, que bloquearam durante o dia diversas vias em várias cidades do país, apontando que a resistência extrapola as organizações sindicais.

Os próximos passos ainda estão em discussão. No contexto das alternativas já especuladas, no próximo dia 4/5 haverá reunião entre as centrais sindicais para uma melhor definição. Também nos próximos dias o presidente do Senado deverá receber as lideranças sindicais para tratar da tramitação da reforma trabalhista naquela Casa.

Enquanto a intransigência continuar, tudo indica que a mobilização crescerá. Valem as referências das últimas grandes mobilizações que deram  relativo resultado no Brasil: a do movimento passe livre e a do movimento dos secundaristas no estado de São Paulo. Ambos  aumentaram a frequência de atos ao longo das semanas de maior sucesso das mobilizações. Atos menores e em maior quantidade foram capazes de romper a bolha da grande imprensa, fazendo os governos recuarem.

A luta continua, mais forte, mais robusta, e com maior capacidade de alteração do triste cenário que vivemos no Brasil atual.

`