O filme “Pão e Rosas” conta a história de uma organização sindical de trabalhadores terceirizados do setor de limpeza nos Estados Unidos. Narra de maneira precisa o espaço de uma precarização extrema do trabalho e apresenta elementos graves de rompimento do tecido social, em contexto muito aproximado ao proposto pela reforma trabalhista no Brasil.

Dirigida por Ken Loach (diretor do aclamado “Eu, Daniel Blake”), a obra se baseia numa mobilização real ocorrida em Los Angeles no ano de 1990 e traz, junto à discussão dos direitos trabalhistas e sindicais, a questão da imigração nos EUA, especialmente de mexicanos e caribenhos.

Os elementos de um trabalho altamente precarizado aparecem de maneira muito clara no filme: o assédio moral do encarregado pela equipe, a invisibilidade dos trabalhadores terceirizados, as elevadíssimas diferenças salariais em virtude da ausência de uma proteção coletiva de um trabalho, as dificuldades de representatividade sindical, a tentativa do empregador de lançar trabalhadores uns contra outros, o machismo, as demissões coletivas, o tomador de serviços tentando se eximir da responsabilidade pelo trabalho precário e a repressão policial das mobilizações.

São cenas de um filme, mas também da realidade do trabalho no Brasil. Causa emoção o momento em que, um trabalhador e uma trabalhadora, agachados, limpam a entrada de um elevador, enquanto um grupo de executivos entra e nem sequer pede licença. Nesse momento, o trabalhador se vira para Maya (Pilar Padilla), personagem protagonista do filme e diz: “você conhece a minha tese sobre os nossos uniformes? Quando os colocamos, ficamos invisíveis”.

O momento em que vivemos no Brasil torna mais pessoas invisíveis, sem dar uniformes a elas. Resta saber qual será a escolha. A comodidade de quem apenas quer proteger a sua própria visibilidade? É nesse momento que percebemos, em outra cena do filme, que contra a invisibilidade há um grande remédio: a solidariedade. De gênero, de classe, de raça, de etnia, humana em todas as suas dimensões.

Ficha técnica
Gênero: Drama
Direção: Ken Loach
Elenco: Adrien Brody, Alonso Chavez, Benicio Del Toro, Elpidia Carrillo, Frankie DaVila, George Lopez, Jack McGee, Terry Azur, Tim Roth
Ano de produção: 2000

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