Para José Bonifácio Gomes, comerciante de Monteiro, na Paraíba, “Lula é o pai da transposição e de muitas outras coisas por aqui”

Texto de Otávio Antunes.
Vídeo de Felipe Kfouri.

José Bonifácio Gomes, proprietário do restaurante Meia Pataca, é um dos personagens da propaganda institucional do Governo Temer, veiculada este mês. A propaganda afirma, entre outras coisas, que nos últimos dez meses a obra de transposição do Rio São Francisco “acelerou”, induzindo quem assiste o filme publicitário a acreditar que a transposição ganhou velocidade agora.

Enganam as pessoas, assim como tentou fazer Aécio durante a campanha eleitoral, a acreditar que era uma farsa a transposição e outras políticas públicas dos governos Lula e Dilma. Pior: vendem a falácia que o povo do sertão brasileiro acredita nessa história. Uma mentira sem tamanho.

A família Gomes é uma típica família de comerciantes da região do Cariri, na Paraíba, como eles mesmos se definem.

A matriarca da família, a senhora Irene Celina Gomes, uma professora extrovertida e sorridente que conta uma história por minuto, relata a emoção de ter todos os filhos na universidade. “Sempre disse que a educação é a maior herança que a gente tem. Era muito difícil estudar, mas Lula tornou tudo mais fácil. Veio um Campus da universidade Federal para Monteiro. Meus filhos estudaram pertinho de mim”.

O senhor José Bonifácio Gomes, que participou da peça publicitária do governo Temer, afirma que, para além da transposição do Rio São Francisco, o impacto do bolsa família na região foi algo extraordinário. “Antes era um sofrimento, quando a safra não acontecia muita gente ia para capital ficar pedindo dinheiro. O bolsa família deu dignidade e movimentou o comércio. Foi uma revolução. Além disso o seguro safra deu a tranquilidade para quem perdia a colheita”.

E o responsável por tudo isso? Ele não tem dúvida: “Lula é o pai da transposição e de muitas outras coisas por aqui. O novo governo fez a obrigação dele, que foi inaugurar a obra, mas quem tirou do papel foi Lula. A gente deve muito a ele”. Senhor José estava com o olho marejado: ‘’é o suor, meu filho”, disfarça emocionado.

O filho do casal, José Augusto Gomes Neto, é a prova viva de que a sorte é o encontro da competência com a oportunidade. Desde menino sempre ouviu dos pais que deveria estudar, que teria oportunidade. Não esperava que tantas aparecessem. Cursou tecnologia e edificação de edifícios na Universidade Federal da Paraíba, em sua própria cidade, Monteiro. “Foi uma honra estudar aqui, pertinho de casa, podendo ajudar em casa e no nosso comércio. Minha mãe se esforçou muito para que eu estudasse inglês, levava eu e minha irmã pra Campina Grande, a duas horas meia daqui. Foi um esforço, mas sabia que valeria a pena. Durante o curso de engenharia, surgiu o programa ‘Ciências sem fronteiras’. Eu era o único que falava inglês e fui estudar na cidade de Windsor, no Canadá. Dilma criou esse programa e eu estava preparado para oportunidade. Foi uma experiência única. Maravilhosa! O diretor da faculdade falava para todo mundo: façam como o Zé, estudem inglês também que terão chance”. Hoje é doutorando e sonha em trazer tecnologia barata de construção, estuda o uso do bambu, para sua própria cidade.

A Dona Irene e o senhor José Bonifácio ainda foram atendidos pelo programa “Brasil Sorridente”, criado pelo governo Lula e que levou atendimento odontológico para o interior do Brasil. “Nós fizemos até implante, que custaria mais de vinte mil reais, uma riqueza poder sorrir. E quem criou também foi Lula. Muita gente aqui não conhecia o programa, então não tinha nem fila, os dentistas são uma maravilha de educação e tratam a gente muito bem. Espero que continue”.

Existe um Brasil, que a propaganda de Temer não conseguiu mostrar e a grande imprensa insiste em esconder: é um Brasil que sonhou a ideia de viver com mais dignidade; onde havia fome e seca, passou a existir comida e esperança. Este Brasil abraçará Lula e Dilma em algumas horas. Pena que parte importante do Sul e sudeste do Brasil não tenham a menor ideia do que se passa no Cariri paraibano, no sertão pernambucano, ou em todo árido do Nordeste, que, mesmo apreensivo pelas ações do governo Temer, respira o sonho de que tudo será melhor.

`