Recuperação da indústria brasileira ainda é incerta
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que em janeiro de 2017 houve queda da produção industrial quando comparada com o mês imediatamente anterior. Na variação mensal, a queda de 0,1% da produção industrial na passagem de dezembro de 2016 para janeiro de 2017 foi registrada em doze dos 24 ramos pesquisados. Cabe destacar o recuo de 10,7% assinalado por veículos automotores, reboques e carrocerias, que cessou dois meses consecutivos de crescimento da produção, período em que acumulou ganho de 18,7%. Foram expressivas também a queda da produção de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-12,5%), de máquinas e equipamentos (-4,9%), de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-7,0%) e de produtos de borracha e de material plástico (-3,8%). No mês anterior, ou seja, dezembro de 2016, essas atividades haviam apresentado taxas positivas de 17,7%, 1,6%, 10,8% e 8,0%, respectivamente.
Em uma análise das grandes categorias econômicas, bens de consumo duráveis (-7,3%) e bens de capital (-4,1%) mostraram as taxas negativas mais acentuadas em janeiro de 2017. Tal como destacado pelo IBGE, primeiro perdeu parte do ganho de 12% acumulado nos dois últimos meses do ano passado; e o segundo acentuou o recuo de 3,8% registrado em dezembro de 2016. Por outro lado, os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (3,1%) e de bens intermediários (0,7%) apresentaram resultados positivos em janeiro. O primeiro avançou 7,4% em dois meses seguidos de crescimento na produção; e o segundo acumulou expansão de 3,2% nos últimos três meses.
A queda da produção de janeiro traz à tona perspectivas ainda nebulosas sobre a recuperação econômica. No atual cenário, o Banco Central teria que acentuar a redução da Selic e sinalizar um patamar mais adequado ao câmbio e uma menor volatilidade. O setor manufatureiro caracterizado como lócus do desenvolvimento econômico precisa ser trazido ao centro do debate para a recuperação da economia. Trajetórias bem sucedidas de crescimento econômico estiveram associadas a um setor industrial bem consolidado, particularmente em setores de média e alta tecnologia. A expansão da renda, a criação de empregos de melhor qualidade e a expansão da produtividade da economia encontram-se diretamente associadas ao desenvolvimento do setor industrial. |