Ano 5 – nº 390 – 6 de fevereiro de 2017

Impactos da MP 746/2016

Nota técnica do Dieese discute desigualdades de acesso e permanência existentes no ensino médio e sua relação com a MP 746/2016 (“MP do Ensino Médio”). Entre as principais mudanças trazidas pela MP estão:

  • Ampliação da carga horária de 800 horas anuais para 1.400 horas anuais (ensino integral) de forma gradual;
  • Fim da obrigatoriedade do ensino de arte e educação física e carga horária a cargo das redes e escolas;
  • Parte da grade curricular será igual para todos. Depois, o aluno poderá se aprofundar em linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas e ensino técnico-profissional;
    ·Ensino da língua inglesa passará a ser oficial, sendo o espanhol a segunda opção;
  • Possibilidade de adoção de sistema de créditos;
  • Possibilidade de contratação de professores por notório saber para cursos técnicos;
  • Complementação do financiamento pela União por quatro anos da rede que introduzir o ensino integral.

Para os autores da Nota, a MP desconsidera desigualdades estruturais e dificuldades na transição escola-trabalho: pode comprometer as metas do Plano Nacional de Educação e prejudicar muitas gerações de jovens das classes mais desfavorecidas. Por exemplo, não leva em consideração o estudante do ensino médio que trabalha, a ampliação da carga horária sem a garantia de qualidade do ensino e a flexibilização curricular que deve retirar a possibilidade do desenvolvimento de diferentes competências fundamentais.

Já o editorial de recém-lançada edição da “Revista Trabalho, Educação e Saúde, editada pela Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz, critica a MP, chamada de “grave retrocesso da educação dos jovens e dos trabalhadores no Brasil”. O editorial destaca que a MP aumenta a vulnerabilidade dos estudantes ao submeter parte significativa da carga horária às necessidades do mercado (abrindo possibilidade até mesmo de exploração como mão de obra); a desobrigação do oferecimento do conjunto de áreas de formação (o que limita a escolha dos alunos); e o rebaixamento dos requisitos para o magistério, abrindo espaço para “profissionais com notório saber”.

Para saber mais:

Editorial – Um novo cenário de atraso e destruição na formação de nível médio no Brasil
leia mais

As transições escola-trabalho: alguns apontamentos para o debate sobre a reforma do ensino médio
leia mais

* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de sua autora,
não representando necessariamente a visão da FPA ou de seus dirigentes.

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