Criminalização dos Movimentos Sociais: Boulos, líder do MTST, é preso
O coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, foi preso na manhã do dia 17 de janeiro, durante reintegração de posse da Ocupação Vila Colonial, na região da Avenida Ragueb Chohfi, altura da Rua André de almeida, em São Mateus, zona leste de São Paulo.
A ocupação abrigava mais de 700 famílias, cerca de 3.000 pessoas, que estão no local há mais de um ano e agora não têm para onde ir. Os moradores foram notificados há uma semana e entraram com pedido de suspensão da reintegração no Ministérios Público. Às 7hs da manhã do dia 17 de janeiro, a tropa de choque da Polícia Militar invadiu a ocupação. Os moradores tentaram evitar com barricadas e pedidos para que os oficiais aguardassem o parecer do Ministério Público ao pedido de suspensão da reintegração, ao que a Polícia Militar respondeu com bombas de gás lacrimogênio, gás de pimenta, balas de borracha jatos d´água e muita truculência.
Boulos, que acompanhava a reintegração de posse e procurava mediar pacificamente o conflito com a polícia, foi detido ilegalmente e levado ao 49º Distrito Policial de São Mateus. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo afirmou que Boulos e um morador da ocupação foram detidos por desobediência civil, com disparos de rojão contra a Polícia Militar, incitação à violência e instrução às pessoas para que atacassem a polícia. O delegado e o capitão da PM disseram que houve resistência ideológica e também mencionaram a participação de Boulos em atos contra o governo Temer como justificativa para detê-lo.
O ex-subprefeito de São Mateus, Fábio Santos, que acompanhava a reintegração de posse, disse que Boulos só tentou adiar por duas horas o início da reintegração de posse, para que o Judiciário pudesse analisar o pedido do Ministério Público de suspensão da ação e as famílias moradoras da ocupação fossem cadastradas pela Secretaria de Habitação, para serem alocadas em outra região. O pedido de suspensão da reintegração foi negado na segunda feira, 16 de janeiro, pelo Tribunal de Justiça de São Paulo.
A ocupação está em uma área composta por dois terrenos particulares e um terreno da prefeitura, abandonados há quase 40 anos. Essa é a primeira reintegração de posse executada na gestão do prefeito João Dória (PSDB), que afirmou diversas vezes que não iria tolerar ocupações.
Além da prisão de Guilherme Boulos e de um morador da ocupação, moradores e repórteres ficaram feridos e passaram mal devido ao gás lacrimogênio, em mais uma atitude de perseguição política a militantes e criminalização dos movimentos sociais, típico de um estado de exceção, que não respeita o direito à liberdade, moradia e livre manifestação.
Boulos foi liberado no início da tarde da terça-feira, 17 de janeiro, após prestar depoimento. Também no início da tarde, tratores começaram a demolir as casas da ocupação. |