Ano 1 – nº 36 – 14 de dezembro de 2016

População insatisfeita com governo pede renúncia de Temer e eleições diretas

Pesquisa divulgada pelo Datafolha no último domingo (11/12) aponta que apenas 10% da população está satisfeita com o governo de Michel Temer, índice de aprovação semelhante ao que a presidenta eleita Dilma Rousseff tinha antes do golpe. Segundo o Datafolha, a avaliação negativa do governo subiu 20 pontos percentuais, de 31% de ruim e péssimo, em julho, para os atuais 51%. Às vésperas do golpe, a avaliação negativa de Dilma era de 63%.

Para 40% da população o governo Temer é pior do que o governo Dilma, 34% o consideram igual e 21% ainda o consideram melhor. A pesquisa indica também que a maioria da população brasileira (63%) é a favor da renúncia de Temer ainda neste ano, para que haja eleições diretas, e 27% se posicionaram contra sua renúncia. Tramita uma ação no Tribunal Superior Eleitoral pela cassação da chapa Dilma-Temer na eleição de 2014, que, se aprovada, levará à saída de Temer. No entanto a ação não deve ser julgada neste ano. Para que haja eleições diretas, é necessário que Michel Temer deixe o cargo até 31 de dezembro, caso contrário, um novo presidente será escolhido indiretamente pelo Congresso Nacional.

Havendo eleições diretas, o nome que lidera disparado em qualquer cenário proposto é o de Lula, variando de 26% a 24%, a depender do adversário, sempre seguido por Marina Silva, da Rede, que varia de 17% a 15%, mas perde cinco pontos e empata tecnicamente em cenário de disputa com o juiz Sérgio Moro (11%, ambos).

A expectativa com a economia também retraiu. Para a maioria da população (66%) a inflação vai aumentar, assim como o desemprego (67%), enquanto o poder de compra deve diminuir (59%). A expectativa é de que nos próximos meses a economia venha a piorar, segundo 41% dos entrevistados, e 65% avaliam que em relação aos últimos meses a situação econômica do Brasil piorou, bem com sua situação pessoal (50%).

Mais um agravante é que as entrevistas foram realizadas nos dias 7 e 8/12, ou seja, um dia antes da publicação da delação de um dos executivos da Odebrecht que disse ter mandado entregar R$ 10 milhões na casa de um amigo de Temer para a campanha do peemedebista de 2014. O meio político foi fortemente abalado pelo acordo de delação premiada fechado com 77 executivos da empreiteira. O vazamento de uma lista de dezenas de políticos, com seus devidos codinomes, e os valores repassados a eles, joga cada vez mais combustível no incêndio que abala as estruturas políticas do país e enfraquece ainda mais o governo golpista, ao passo que seus nomes fortes são colocados como recebedores do propina. As delações, que até então já mencionam Temer, Romero Jucá, Aécio Neves, Eduardo Cunha, José Serra, Paulo Skaf, Geraldo Alckmin e uma infinidade de políticos que compõe o governo golpista e sua base de apoio.

Primeiro sinal de tal enfraquecimento se observa já na votação da PEC 55, que modifica a Constituição e congela os gastos públicos por vinte anos com correção de valores no limite do índice de inflação do ano anterior. A Proposta, que foi à segunda votação no Senado na última terça-feira (13/12), passou apertado, com 53 votos, 4 a mais que os três quintos necessários (49) e 8 a menos que na votação em primeiro turno, em novembro (61).

Votaram contra a PEC os dez senadores do PT: Ângela Portela (RR), Fátima Bezerra (RN), Gleisi Hoffmann (PR), Humberto Costa (CE), Jorge Viana (AC), José Pimentel (CE), Lindbergh Farias (RJ), Paulo Rocha (PA), Paulo Paim (RS) e Regina Sousa (PI); três do PMDB: Dário Berger (SC), Kátia Abreu (TO) e Roberto Requião (PR);  dois do PSB: Lídice da Mata (BA) e João Capiberibe (AP); e uma senadora do PcdoB, Vanessa Grazziotin (AM).

A medida é fortemente rejeitada pela opinião pública, segundo a mesma pesquisa do Datafolha: 60% se declararam contra a aprovação da emenda e 62% consideram que a medida trará mais prejuízos que benefícios. Logo após a aprovação da PEC no Senado, manifestantes saíram as ruas de pelo menos quinze cidades para protestar contra o governo.

As manifestações foram fortemente reprimidas pela polícia, sobretudo em São Paulo, onde houve depredação o prédio da Fiesp, e no Distrito Federal, onde mais de 70 pessoas foram detidas, em mais uma demonstração do modelo antidemocrático do governo atual.

* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de sua autora, não representando necessariamente a visão da FPA ou de seus dirigentes.
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