Ano 4 – nº 369 – 22 de novembro de 2016
Para saber mais:A inserção produtiva dos negros nos mercados de trabalho metropolitanos
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Desigualdade racial e de gênero no mercado de trabalho em tempos de crise

Estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em comemoração ao Dia da Consciência Negra, discute a inserção produtiva dos negros no mercado de trabalho nas Regiões Metropolitanas (RMs) de Porto Alegre, São Paulo, Salvador, Fortaleza e Distrito Federal.

Em todas as RMs pesquisadas, os negros estavam sobrerrepresentados entre os desempregados, com maior intensidade na RM de Fortaleza. Entre 2014 e 2015, a participação da população negra no desemprego caiu apenas em Salvador, elevando-se em São Paulo, Fortaleza e, em menor intensidade, em Porto Alegre. Em Porto Alegre, a taxa de desemprego dos negros é superior à dos não negros em 4,5 pontos percentuais, seguida de Salvador (3,4 p.p), São Paulo (2,9 p.p), Distrito Federal (2,0 p.p) e em Fortaleza (0,6 p.p), como mostra a tabela abaixo.

Notas FPA Política Social 369

O rendimento médio por hora dos negros continua bastante inferior ao dos não negros em todas as RMs. Em Salvador, apesar da maior presença de negros na estrutura produtiva, há maior desigualdade relativa: o rendimento médio por hora recebido pelos negros correspondia a 76,6% do dos não negros.

Em 2015, as reduções de rendimento foram maiores entre os não negros nas regiões metropolitanas de Porto Alegre, Salvador e São Paulo. Assim, entre 2014 e 2015, a relação do rendimento hora entre negros e não negros melhorou em Porto Alegre, de 72,4% para 75,0%, em Salvador, de 62,7% para 76,6%, e em São Paulo, de 63,7% para 67,7%, e piorou em Fortaleza, onde passou de 77,6% para 75,9%, ainda que nessa região a proporção seja a segunda menos desigual registrada.

Mulheres negras

As mulheres negras ainda enfrentam uma dupla discriminação no mercado de trabalho, de raça e de gênero. Na RM de Salvador, a taxa de desemprego das mulheres negras (20,7%) equivalia a aproximadamente 1,5 vezes a taxa dos homens não negros (13,7%). A menor distância observada foi na RM de Fortaleza (mulheres negras 9,7% e homens não negros 7,8%). No entanto, entre 2014 e 2015, a taxa de desemprego se elevou mais intensamente para os homens do que para as mulheres, possivelmente pela indústria de transformação e da construção terem sido os setores de atividade mais atingidos pela recente crise econômica – segmentos majoritariamente masculinos.

Apesar do hiato ainda enorme, entre 2014 e 2015, as mulheres negras ampliaram a parcela auferida por hora trabalhada em relação aos homens não negros nas RMs de Fortaleza (onde passaram a ter 59,3% do rendimento/hora do homem não negro), Salvador (53,6%) e São Paulo (55,7%). Em Porto Alegre, apesar das mulheres negras terem sido o grupo com maior perda relativa em 2015, foi a região menos desigual (62,8%). No Distrito Federal, a proporção auferida pelas mulheres negras foi a menor em 2015, 51,8% (não há dados para 2014).

Para saber mais:

A inserção produtiva dos negros nos mercados de trabalho metropolitanos. leia mais

* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de sua autora, não representando necessariamente a visão da FPA ou de seus dirigentes.

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