A Fundação Perseu Abramo (FPA) iniciou o ciclo de debates “Esquerda Volver” na noite do dia 18 de novembro, no auditório do Sindicato dos Bancários do Pará, em Belém. O evento foi possível graças ao apoio do Partido dos Trabalhadores (PT) estadual.

Participaram do debate Esther Bemerguy de Albuquerque, economista e ex-secretária de Planejamento e Investimentos Estratégicos do Ministério do Planejamento; Ladislau Dowbor, economista e professor titular da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; e Roberto Corrêa, cientista político e professor da Universidade Federal do Pará.

O debate

Primeiro a falar, Ladislau Dowbor começou relatando diversos acontecimentos que mostram que os valores democráticos têm se enfraquecido. “Este planeta está perdendo os rumos. Em particular porque a economia se globalizou, enquanto os instrumentos políticos estão fragmentados em duzentas nações, cada uma puxando para o seu lado, como pode”. E completou: “temos um processo de ameaça global que envolve a dinâmica ambiental, com a destruição do planeta que se acelera de maneira impressionante, e o aumento da desigualdade: hoje chegamos a 62 bilionários que têm mais riqueza acumulada do que a metade mais pobre da população mundial, 3,6 bilhões de habitantes”.

Dowbor seguiu explicando como funciona o sistema financeiro mundial, que, segundo ele, é diretamente responsável pelos problemas por ele relatados. “É fundamental que a gente entenda sobre isso, porque o sistema financeiro é formado pelos nossos recursos, que devem ser canalizados para o que a gente precisa para investir no desenvolvimento do país e e não serem dilapidados como eles vêm sendo”.

O professor seguiu explicando as causas da crise econômica mundial e possíveis formas de atenuá-la ou superá-la. Segundo o professor, a crise brasileira sofre os efeitos da crise mundial, mas é fundamentalmente influenciada por banqueiros e rentistas que estariam descontentes com as políticas de aumento real do salário mínimo e queda da taxa básica de juros, encampada pelos governos Lula e Dilma Rousseff.

Esther Bemerguy de Albuquerque fez a ponte entre a fala de Dowbor e a situação do PT. Segundo ela, a carta de direitos presente na Constituição de 1988 passou a ter condições de ser efetivada apenas nos governos petistas, com a criação de políticas públicas de viés social capazes de atenuar as desigualdades. Para a economista, o golpe de Estado e os ataques à esquerda são, sobretudo, ataques ao legado da Constituição cidadã e dos governos do PT, e o principal problema que se coloca à esquerda é que nenhum de seus entes, nem mesmo o PT, tem sido capaz de defender este legado. Esther afirma que a única forma de superar as dificuldades que têm se colocado é promover a união das esquerdas.

Roberto Corrêa tentou deixar a análise econômica de lado para olhar para as instituições políticas e para as ideologias que competem por hegemonia. Para ele, as instituições políticas estão em crise não só no Brasil, mas em todo o mundo e não há possibilidade de qualquer reforma significativa sem que se reconstrua as instituições. Entretanto, o fisiologismo, o personalismo e o patrimonialismo trazem certa singularidade ao caso brasileiro. “Dizem que há na Câmara vinte e poucos partidos. Eu não enxergo isso! Existem lá 513 partidos”.

O ciclo

A direita está na ofensiva. Vivemos em um momento de profunda criminalização dos movimentos sociais, do PT e da esquerda, perseguição a Lula, golpe contra a democracia, PEC 55, corte de programas sociais e propostas de redução de direitos trabalhistas.

Para fomentar o debate sobre como a esquerda precisa se posicionar e agir neste momento difícil, a Fundação Perseu Abramo realiza o ciclo de debates “Esquerda Volver”. Até o fim de 2016, acontecerão debates em Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Fortaleza (CE), Porto Velho (RO), Recife (PE), Salvador (BA) e São Luís (MA).

Assista a íntegra:

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