Estudantes resistem em escolas ocupadas
Vem da juventude, sobretudo dos estudantes secundaristas, a principal força de resistência contra a perda de direitos, a redução de verbas para educação, a reforma do ensino médio e a PEC 241. Desde o dia 22 de setembro, há mais de mil e duzentos locais ocupados em todo o país. De acordo com balanço divulgado pela União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), ao todo, são 1197 escolas e institutos federais, 73 campi universitários, três núcleos regionais de Educação, além da Câmara Municipal de Guarulhos.
As escolas se mantiveram ocupadas mesmo no último fim de semana (5 e 6/11), data do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), do qual estudantes dependem para disputar uma vaga em universidades. Os alunos inscritos para realizar a prova nas escolas ocupadas (cerca de 3% – 270 mil alunos prejudicados, em um universo de mais de oito milhões de estudantes) tiveram o exame adiado para os dias 3 e 4 de dezembro. O governo estima um prejuízo de cerca de R$ 15 milhões com o adiamento das provas e estimula os estudantes divergentes a agirem contra seus colegas, falando que os ocupantes estão fazendo depredação e vandalismo. É essa a maneira que o governo encontra para colocar a sociedade e os próprios estudantes contra o movimento.
As ocupações das escolas defendem os direitos sociais contra a PEC 241, agora renomeada 55, e a MP 746, da reforma do ensino médio, que altera a estrutura curricular e torna facultativo o ensino de algumas disciplinas, como artes e educação física. Criticam também o sistema de representação e desenvolvem o movimento sem a mediação de partidos. Podem ser entendidas como uma continuidade das ocupações que ocorreram o ano passado, contra o fechamento de 200 escolas em São Paulo, pela reorganização escolar proposta pelo governo.
No Paraná, onde as ocupações agora estão mais fortes, alunos contrários a elas organizaram o movimento Desocupa, liderados pelo Movimento Brasil Livre, pelo fim da ocupação. A Justiça do Paraná também pediu reintegração de posse de 25 escolas ocupadas. Outros estados, como Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia intensificaram as ocupações para que o movimento não perca força.
Em São Paulo, na madrugada de 3/11, sem liminar e com truculência, militares detiveram e levaram jornalistas e estudantes quando ocupavam a parte externa do prédio do Centro Paula Souza, sede administrativa do ensino técnico, em São Paulo. A polícia militar invadiu o local, revistou os ocupantes e agrediu um secundarista de apenas 16 anos.
Na escola Adamastor de Carvalho, em Santo André, cerca de quarenta jovens foram encaminhados para a segunda Delegacia de Polícia em um ônibus. O presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas, Emerson Santos, que acompanhou a detenção dos manifestantes e a ação da polícia, denunciou em vídeos a ação truculenta dos militares. Auxiliares de Temer destacaram que não houve uso de força policial ostensiva na condução do processo de enfrentamento das ocupações de escolas. |