Produção industrial cai 3,8%
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a produção da indústria nacional diminuiu 3,8% em agosto, na comparação com o mês anterior. Tal variação negativa interrompe uma sequência de cinco meses de crescimento, período em que acumulou aumento de 3,7%. A contração do mês de agosto é a mais significativa desde janeiro de 2012, quando a produção industrial recuou 4,9%. Cabe lembrar que em julho deste ano a produção industrial já ensejava um crescimento muito modesto, de 0,1% em relação a junho.
O IBGE destaca o desempenho negativo em produtos alimentícios (-8,0%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-10,4%), indústrias extrativas (-1,8%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-1,9%), perfumaria, sabões, produtos de limpeza e de higiene pessoal (-2,8%) e produtos de minerais não-metálicos (-5,1%). Em alta no período, destaque para os produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+8,3%).
Em uma análise do acumulado dos oito primeiros meses do ano, a produção industrial caiu 8,2% em relação ao mesmo período de 2015. Nesta base de comparação todas as categorias registram deterioração, com destaque para a retração de 15,8% nos bens de capital. Cabe destacar, ainda, a variação negativa das indústrias extrativas (-13,1%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (-18,8%).
Diversos trabalhos têm mostrado o momento delicado da indústria brasileira, sobretudo no que tange o seu nível de endividamento. A crise econômica que se arrasta por vários anos afetou não somente o estado de expectativas da economia. Na realidade, espraiou-se comprometendo a situação financeira das empresas não financeiras, sobretudo em setores intensivos em capital. A interrupção dos investimentos públicos e das empresas estatais, aliada ao ajuste recessivo nos âmbitos fiscal e monetário, afetou significativamente a capacidade de gerar receita destas atividades industriais. Consequentemente houve um rebate deletério sobre a produção industrial que tem se agudizado em um ambiente de forte volatilidade cambial e altas taxas de juros. Neste cenário a compressão da renda dos brasileiros e o desemprego se fazem presentes. Dados sobre uma retomada da economia têm sido ambíguos. Assim, o segundo semestre de 2016 e o primeiro semestre de 2017 ainda deverão ser complicados para o povo brasileiro.
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