Maioria dos países em desenvolvimento não conseguiram reduzir a diferença de renda com as economias desenvolvidas

Notas FPA - Conjuntura Econômica 395

Notas FPA - Conjuntura Econômica 395
Ano 4 – nº 395 – 23 de setembro de 2016

Relatório recém-publicado pela UNCTAD traz os atuais entraves ao desenvolvimento econômico

Segundo o relatório da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad), o crescimento econômico global permanece fraco. A perda de dinamismo nas economias avançadas, combinado com a queda dos preços das commodities e a instabilidade financeira global, tem tido efeitos deletérios na maioria dos países em desenvolvimento. As economias em desenvolvimento vão crescer, em média, menos de 4% este ano, mas com variações consideráveis entre países e regiões. Enquanto a América Latina está em recessão e o crescimento na África e Ásia Ocidental se reduziu para cerca de 2%, Leste, Sudeste e Sul da Ásia ainda cresce a uma taxa de cerca de 5%.

O relatório mostra que, em uma perspectiva de longo prazo, a maioria dos países em desenvolvimento, fora algumas sub-regiões asiáticas, não conseguiram reduzir significativamente a diferença de renda com as economias desenvolvidas. A grande promessa de que a abertura comercial promoveria uma de investimentos para a região não se concretizou. É neste contexto que se torna imperativo ajustar as estratégias de política econômica para avançar transformação estrutural.

Políticas industriais são necessárias para favorecer a transferência de emprego e de recursos do setor primário (de baixa produtividade) para os setores industriais e de serviços modernos (que possuem maior produtividade). No entanto, muitos países não tem sido capazes de desenvolver o seu setor industrial, outros, têm ainda apresentado um processo de desindustrialização prematura desde os anos 1980, devido a uma estratégia de política centrada na abertura comercial, na desregulamentação financeira e no recuo do Estado desenvolvimentista. Exemplos históricos mostram que a expansão das exportações de manufaturados pode apoiar a industrialização desde que os setores exportadores tenham fortes vínculos de produção e de aprendizagem com o resto da economia como nas economias asiáticas.

O relatório aponta, ainda, que o nexo a lucro-investimento tem se enfraquecido nos últimos tempos. Com a primazia do acionista nas estratégias das empresas e o crescente foco nos lucros de curto prazo, as empresas têm utilizado os lucros cada vez mais para pagar dividendos e recompra de ações, ao invés de reinvesti-los em novas fábricas, equipamentos, pesquisa e aquisição de habilidades. Ademais, os lucros são cada vez mais orientados para o investimento financeiro ou repatriados pelas corporações transnacionais.

Para maiores detalhes acesse: http://unctad.org/en/PublicationsLibrary/tdr2016_en.pdf

 
* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de seu autor,
não representando necessariamente a visão da FPA ou de seus dirigentes.
 
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