Fundação lança livros sobre desafios da esquerda no Chile, Bolívia, Cuba e Uruguai
Livros são parte de um programa de estudos sobre o progressismo latino-americano, com o intuito de articular militância e pesquisadores
A Fundação Perseu Abramo (FPA) lançou no último dia 29 a coleção Nossa América Nuestra, com os primeiros quatro volumes: Bolívia, escrito por Igor Fuser, professor da Universidade Federal do ABC (UFABC); Chile, escrito por José Renato Vieira Martins, professor da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila); Cuba, escrito por Wladimir Pomar, jornalista e escritor; e Uruguai, escrito por Maria Silvia Portella de Castro, socióloga e assessora nas áreas de relações trabalhistas e relações internacionais. Os livros estão disponíveis para download no portal da FPA e podem ser acessados pelos links acima.
O evento teve a vice-presidenta da FPA Iole Ilíada como mestre de cerimônia e abriu espaço para que os autores e o coordenador da coleção, Gustavo Codas, fizessem uma breve descrição dos objetivos do projeto. Segundo Ilíada, a coleção vem sendo gestada desde o ano passado e versa sobre processos políticos atuais. “Os livros são parte de um programa de estudos e pesquisas sobre o progressismo latino-americano, instituído pela Fundação com o intuito de articular pesquisadores e militantes em torno de temas específicos de trabalho”, disse.
A expressão Nossa América, que inspirou o nome da coleção, foi elaborada por José Martí, grande líder da independência de Cuba, um dos fundadores do anti-imperialismo latino-americano. Em consequência, o uso da denominação é um reconhecimento a essa tradição e faz parte da construção da identidade dessa parte do continente americano, com raízes comuns entre o Brasil e demais nações latinas e o Caribe.
Segundo Gustavo Codas, coordenador geral da coleção, a ideia é produzir livros com estudos de casos nacionais sobre dez países. Além disso, deve ser ainda publicado um livro a partir do ponto de vista brasileiro em relação à política internacional e à integração regional da América Latina e o Caribe. “Será um material ao qual a militância terá acesso, com informações e debates sobre os desafios enfrentados neste países pelas forças progressistas para aprofundar transformações sociais pelas quais estão lutando na região.”
O autor do livro sobre o Chile, José Renato Vieira Martins, explicou que a publicação analisa vários períodos, em particular o progressismo chileno. “Tratamos na verdade de três Chiles: o da Unidade Popular, durante o governo Alliende, de transição ao socialismo pela via pacífica; o Chile de Pinochet, que configurou o maior experimento conservador de reconversão do capitalismo na região e posteriormente se espalhou a outros países, sustentado por uma das ditaduras mais cruéis e selvagens que tivemos por aqui; e, finalmente, o da transição democrática, da concertação, alcançando o atual o governo Bachelet”.
No caso do livro sobre o Uruguai, a autora Maria Silvia Portella de Castro afirmou que a publicação ajuda no processo de debate e integração com os países vizinhos. “Trata-se de um livro informativo, no qual procurei colocar a voz dos protagonistas e documentos sobre o processo de construção da Frente Ampla, que é a única experiência no mundo de frente eleitoral que se transforma em frente política ativa e viva antes e depois de cada eleição”.
O livro sobre Cuba, escrito pelo militante do PT Wladimir Pomar, sintetiza a experiência histórica daquele país, que começou no século XIX, na luta por independência contra a Espanha, avançou numa revolução democrática nacional, com Martí, que acabou por se transformar em revolução nacionalista e mais adiante socialista. “A própria realidade da luta, seja contra o colonizador espanhol ou o perigo de nova colonização pelos EUA, fez com que a revolução cubana seguisse um processo mais rápido do que provavelmente eles tinham em mente”, afirmou Pomar.