Serra faria um discurso na reunião da OCDE e policiais diziam que nenhuma manifestação poderia ser realizada no local

Por Pedro Simon Camarão

José Serra, ministro das Relações Internacionais do governo golpista, participa da reunião do conselho de ministros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que acontece em Paris. A capital francesa tem sido palco de um dos movimentos internacionais mais ativos contra o golpe de Estado no Brasil. Evidentemente, os grupos que formam esse movimento se organizaram para “recepcionar” José Serra, entre eles, está o Movimento Democrático 18 de Março (MD18). Integrantes do grupo receberam telefonemas do serviço de inteligência da polícia francesa durante os dias que antecederam a chegada de Serra, por algum motivo que até então era desconhecido, os policiais faziam certa pressão dizendo que manifestações não poderiam ser realizadas.

Na manhã de quarta-feira, 1º de junho, dia em que José Serra faria um discurso na reunião da OCDE, os brasileiros que se aproximavam do prédio eram imediatamente abordados por policiais que diziam que nenhuma manifestação poderia ser realizada no local. Um dos agentes explicou que José Serra entrou em contato com a polícia francesa dizendo que se sentia ameaçado pelos integrantes do movimento e que poderia ser agredido. O policial disse que estava constrangido, mas que precisava cumprir ordens e, por isso, não foi permitido que o grupo de trinta brasileiros protestasse em frente ao prédio da OCDE. Os manifestantes puderam se colocar em uma praça distante da sede da Organização, mas por onde passaram boa parte dos veículos oficiais que se dirigiam para o evento. Todos viram cartazes e ouviram gritos de que José Serra faz parte de um governo golpista.

Integrantes do MD18 disseram que enviaram cartas para os dirigentes da OCDE questionando a legitimidade de José Serra e como aquele organismo podia recebê-lo. A movimentação é significativa, já que há poucos dias um grupo de eurodeputados publicou carta pedindo que a União Europeia revisse as negociações com o Brasil em função da polêmica em torno do afastamento de Dilma Rousseff.

Equipes de reportagens da Globonews e da Band estavam no local e registraram o protesto. Agora, resta saber como a mídia brasileira vai lidar com o assunto. 

Pedro Simon Camarão é jornalista, correspondente da FPA em Paris