A The Economist, uma das mais tradicionais revistas inglesas para assuntos internacionais, publicou em sua edição de 23 de abril uma reportagem sobre o Brasil na qual ironiza a votação do processo de impeachment ocorrida no último dia 17. “Um por um, 511 deputados enfileiraram-se em direção a um microfone cercado por por uma multidão e, em dez segundos, transmitidos para uma nação extasiada, votaram o impeachment da presidente, Dilma Roussef. Alguns estava enrolados em bandeiras do Brasil. Um soltou um estouro de confetes. Outro despejaram dedicatórias para suas cidades, religiões, causas egoístas – e até corretores de seguros do Brasil”, afirmou o texto.

Com a manchete A grande traição, o texto afirma que Dilma deixou o país declinar e toda a classe política também o fez. “A falha não é apenas obra de Dilma Roussef. Toda a classe política deixou o país declinar através de um misto de negligência e corrupção. Os líderes do Brasil não vão ganhar de volta o respeito dos seus cidadãos ou superar os problemas da economia a menos que haja uma limpeza completa”.

A matéria faz sérias críticas à oposição.  “O que é realmente alarmante e que aqueles que estão trabalhando pela pela remoção dela são piores em muitos aspectos”, pontua. “O PMDB está também está irremediavelmente  comprometido. Um dos seus líderes é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, que presidiu no domingo o espetáculo do impeachment, ele mesmo acusado pela suprema corte por receber propinas através do esquema da Petrobras.” “dos 21 deputados sob investigação no caso Petrobras, 16 votaram a favor do impeachment. Cerca de 60% dos congressistas enfrentam acusações por cometimento de crimes”.

A publicação é pessimista em relação ao resultado do processo desencadeado e exagera na dose ao criticar uma geração de líderes, entre eles aquele que inspirou o mundo ao implementar políticas públicas que reduziram drasticamente a pobreza em um dos países mais desiguais do planeta. “Há uma boa chance de que o Brasil seja condenado a acabar como a geração de líderes desacreditados. Seus eleitores não deveriam esquecer esse momento. Porque, no fim, eles terão a chance de ir às urnas – eles deveriam usá-la para votar em algo melhor”.