Pesquisa Ibope de abril aponta novas eleições como preferência do eleitorado
Com o processo de impeachment da presidenta Dilma a ser instalado no Senado, pesquisa realizada pelo Ibope no período de 14 a 18 de abril aponta que a maioria da população brasileira (62%) considera que a melhor forma de superar a atual crise política é Dilma e Temer saírem do governo e a realização de novas eleições. Para um em cada quatro entrevistados (25%) Dilma deve continuar seu mandato com um novo pacto entre governo e oposição e apenas 8% da população deseja que Dilma sofra o impeachment e o vice-presidente Michel Temer assuma a presidência.
A nova pesquisa do Ibope reafirma a tendência já apontada pelo Instituto Vox Populi, em 12 de abril, e a do Datafolha, em 7 e 8 de abril, nas quais 79% desejam que as eleições de 2018 sejam antecipadas (16% são contra). A pesquisa Datafolha de 7 e 8 de abril mostra que, embora 61% sejam favoráveis ao impeachment de Dilma, 60% e 58% desejam a renúncia de Dilma e Temer, respectivamente.
A mídia já sinaliza que a presidenta Dilma admite a possibilidade de convocar novas eleições presidenciais para outubro, uma vez que mesmo que o Senado seja favorável à sua continuidade no governo será difícil manter a governabilidade junto a um Congresso no qual não confia, traidor e corrupto. A ideia parece assustar Temer, que afirma que a convocação de novas eleições é “um golpe” dentro do golpe, sobretudo porque seu nome não figura entre os mais cotados para a presidência da República.
A proposta de antecipação de novas eleições, solução preferida pela maior parte da população (62%) para a crise política atual, foi protocolada no Senado por parlamentares de 10 partidos, com a PEC 20/16. Para que seja analisada pela Comissão de Constituição e Justiça são necessárias assinaturas de 27 parlamentares. E, para que seja aceita, 49 votos do Senado para seguir à votação na Câmara, onde precisa de 308 votos.
A proposta parece longínqua e, enquanto isso, nesta segunda e terça-feira (25 e 26) o Senado deu continuidade aos ritos do impeachment e confirmou os 21 membros titulares, 20 suplentes, a presidência e o relator da comissão que irá julgar a admissibilidade do processo no Senado. Os membros foram indicados pelas bancadas partidárias e seguiram a proporcionalidade dos partidos por blocos, definida na semana passada, resultando na seguinte composição:
O Senador Raimundo Lira do PMDB-PB irá presidir a comissão e, apesar da rejeição de membros do PT alegando a falta de isenção necessária ao cargo, o relator será o senador Antônio Anastasia, do PSDB – MG.
A comissão deverá ouvir os denunciantes no dia 28 e a defesa da presidenta no dia 29 de abril. O parecer do relatório pela instauração ou não do processo de impeachment deve ser apresentado até o dia 04 de maio e votado no plenário até o dia 06 de maio.
Para a admissibilidade do processo de impeachment da presidenta no Senado, é necessária maioria simples de votos de 41 senadores. Instaurado o processo de impeachment, o julgamento será conduzido no Senado pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, e são necessários dois terços dos votos, ou seja, um mínimo de 54 votos a favor do impedimento da presidenta Dilma.
A última pesquisa Ibope também levantou o grau de satisfação da população com o atual funcionamento da democracia no Brasil. A insatisfação lidera, com 83%, sendo 49% se dizem nada satisfeitos e 34% pouco satisfeitos, e apenas 12% se declararam satisfeitos com o funcionamento da democracia no Brasil. Apesar da insatisfação com seu funcionamento, a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo segundo 40% dos entrevistados, enquanto um terço da população (34%) considera que para as pessoas em geral é indiferente se um regime é democrático ou não e 15% afirmam que, em algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um governo democrático. Ainda que com funcionamento precário, a democracia permanece como a forma de governo mais apreciada pela população brasileira, e o que a caracteriza é o direito do povo de escolher seus dirigentes.
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