Uma semana após a Polícia Federal brilhar na mídia com sua espetaculosa forma de pedir um depoimento, quando coercitiva e desnecessariamente levou o ex-presidente Lula para um prestar esclarecimentos na delegacia da PF no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e dias antes da convocação de atos promovidos pela oposição, chega a vez do show do Ministério Público paulista.

Desde o fim da tarde da quinta-feira, 10 de março, as redes sociais e variadas páginas da internet tinham como assunto principal o pedido de prisão preventiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, encaminhado pelo Ministério Público de São Paulo.

Os promotores José Carlos Blat, Cássio Conserino e Fernando Henrique Araújo pediram a prisão preventiva e denunciam Lula pelos crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em relação ao triplex do Condomínio Solaris, no Guarujá (SP). A prisão, sustentam, é para garantir a aplicação da lei penal, “pois sabidamente possui poder de ex Presidente da República, o que torna sua possibilidade de evasão extremamente simples”.

As argumentações apresentadas pelos promotores para fundamentar o pedido, como a possibilidade de fuga do ex-presidente, geraram uma onda nas redes, com #MicoPublico comandando os posts que ironizam, entre outras coisas, a citação pra lá de equivocada dos magistrados: no intuito de se apropriarem das palavras e termos da esquerda, escreveram em sua peça que Marx e Hegel (sic) sentiram vergonha do líder operário.

Ao que parece, o MP realmente não tem mais a formação acadêmica de outrora… A referência está incorreta, pois quem escreveu o Manifesto Comunista, obra fundadora do socialismo científico, junto com Karl Marx (1818-1883), foi Friedrich Engels (1820-1895).

Os promotores geraram uma enxurrada de memes e piadas. Erraram grosseiramente, na ânsia de abrilhantar sua acusação de formulada a partir de fundamentos frágeis, segundo vários especialistas e juristas, além dos comentários contrários de desembargadores do estado de São Paulo, em off, condenando os argumentos e a própria necessidade do pedido.

O Instituto Lula criticou, em nota divulgada na noite da quinta-feira, o pedido de prisão preventiva do ex-presidente, feito pelo Ministério Público de São Paulo. Para o Instituto, o promotor Cássio Conserino dá mais uma prova de “parcialidade” ao efetuar o pedido.

“Essa fundamentação claramente revela uma tentativa de banalização do instituto da prisão preventiva, o que é incompatível com a responsabilidade que um membro do Ministério Público deve ter ao exercer suas funções”, afirma a nota. Leia a íntegra aqui.

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Rui Falcão, classificou como “medida midiática”: “o pedido de prisão preventiva vai na linha daquilo que já estava sendo feito por esse promotor (Conserino) e seus parceiros, de, sem provas, denunciar o presidente Lula”, criticou, ao dizer que a medida causa “indignação”.

A decisão do Ministério Público de São Paulo foi contestada e repudiada por parlamentares, dirigentes e militantes do Partido dos Trabalhadores. Veja aqui o que disseram alguns deputados e senadores do partido.

O pedido é tão absurdo que nem a grande imprensa, que vem ciclicamente apoiando em seu conteúdo editorial a perseguição a Lula, aderiu ao pedido de prisão, demonstrando reticência com a iniciativa do MP. Os argumentos utilizados nas matérias que aparecem em grandes veículos nesta sexta-feira, 11 de março, na voz de especialistas, é que as bases da ação são frágeis, além de “risco banalização da prisão preventiva” e “condução passional” da investigação contra Lula.