Com a participação de Laerte, Gregório Duvivier e Bemvindo Sequeira, evento discutiu as relações entre humor e a atualidade

Texto por Fernanda Estima.
Fotos por Sérgio Silva.

Mesmo com uma quinta-feira chuvosa, repleta de tensão e graça, o auditório do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo ficou lotado para o debate “Humor em tempos de cólera”.

Organizado pelo Centro de Mídia Barão de Itararé e revisa Fórum, o evento foi transmitido ao vivo pela tevêFPA.

Humoristas mostram as saídas para que o humor vença a cólera e o ódio

Se criou no Brasil um momento difícil, inclusive para os humoristas. Mas é momento de tranquilidade e firmeza, disse Renato Rovai, da Fórum, na abertura do debate. “Vamos ter que enfrentar com humor porque o ódio não é nosso, é deles”.

Laerte, Gregório Duvivier e Bemvindo Sequeira foram convidados para falar – e fazer graça – sobre a conjuntura atual, como o humor integra e como eles enxergam esse momento do Brasil.”

Para Laerte, o momento é quase constrangedor, dramático. A cartunista disse que o humor só se realiza na comunhão ideológica: “as pessoas que estão aqui hoje concordam com alguma coisa. Dificilmente alguém aqui vai discordar de uma piada que ridicularize o Moro”. Mas a gente tem que se mobilizar também, falou.

Humoristas mostram as saídas para que o humor vença a cólera e o ódio

Gregório anunciou que se sentia em casa no auditório. “Acho que estamos sitiados. Mas só o fato de estarmos desconfiando já é bom. A crença do humorista é a dúvida. Meu maior problema com o Brasil hoje é a falta de dúvidas. Vejo pessoas agarradas a certezas colhidas nessa imprensa que escreve no futuro. É a mãe Diná quem assina essas matérias que já dizem o que vai acontecer?” 

Duvivier desenhou a conjuntura a partir do “ódio, que sempre foi hegemônico no Brasil, sempre odiaram esse projeto político, que aliás derrotou também a mídia”. O ódio que sentem do Haddad e a ausência de críticas à falta d’água concretiza o ódio à esquerda.

“Isso aí vai ser uma cagada”, definiu o humorista sobre o pedido de prisão de Lula. “Se eles acham que vão insuflar a passeata de domingo, é um erro tático, porque vão insuflar outros também”. Para ele, se a sociedade não estivesse mobilizada já teria ocorrido um golpe.

Humoristas mostram as saídas para que o humor vença a cólera e o ódio

Bemvindo também fez sua análise da conjuntura e afirmou que “ainda vamos fazer muita piada sobre o pedido de prisão do Lula”. O ator falou de sua experiência desde antes da repressão e perseguição que sofreu pela ditadura militar e como há semelhanças entre o já vivido e o recente. “Tenho 53 anos de luta política, e  posso morrer em paz porque a garotada continua”. 

“O humor é o sistema de rebeldia. Mas sempre vivemos tempos de cólera. A esquerda e as religiões têm em comum a pregação pelo amor, pelo compartilhamento, pelo bem comum”, disse. Ele lembrou da cólera do período de Carlos Lacerda que levou Jararaca, o comediante da época várias vezes à prisão. 

Ele considera que o momento é perigoso para o país, muita cólera permeando o debate, mas enfatiza que o humor é a solução para a cólera, “vencer o ódio sorrindo”. 

Assista a íntegra do debate:

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