Elevação verificada no ano de 2015 possui um efeito duplo sobre o nível de inflação que se verificará em 2016

Ano 4 – nº 341 – 07 de janeiro de 2016
 

ECONOMIA NACIONAL

Inflação alta em 2015 garante, mas limita, desaceleração inflacionária em 2016: A elevação verificada no ano de 2015 possui um efeito duplo sobre o nível de inflação que se verificará em 2016: por um lado, alguns fatores que puxaram os preços para cima não devem se repetir na mesma intensidade neste ano, garantindo que o patamar de inflação saia dos atuais 10% para algo inferior a 7%. Por outro lado, a elevada indexação da economia brasileira faz com que os aumentos de preços verificados no ano anterior sejam repassados para os preços em 2016, limitando a velocidade de queda da inflação neste ano. Segundo os primeiros dados inflacionários fechados de 2015, o ano passado apresentou uma inflação de 11,07%, segundo o IPC-FIPE, e 10,7%, segundo o IGP-DI. Levando-se em conta que os IGPs são índices muito utilizados como base de cálculo para o reajuste de diversos preços (tarifas públicas, aluguéis e diversos serviços), é de se esperar que essa forte elevação de preços de 2015 contamine a inflação em 2016, tornando a queda dos índices inflacionários mais suave do que se esperaria em uma economia menos indexada. Por outro lado, fatores como a queda dos salários reais e da demanda, a menor desvalorização cambial e o aumento menos pronunciado de alguns preços administrados (em particular de energia elétrica e combustíveis) devem garantir uma inflação mais baixa em 2016.

Comentário: A queda da inflação em 2016 é um fato esperado e projetado por todos os economistas. A questão que se coloca é qual será a velocidade desta queda, uma vez que o país segue possuindo um elevado grau de indexação dos preços, o que dificulta uma redução mais rápida da inflação. Fatores que também pesam nas diferentes previsões são o nível da taxa de câmbio, que deve passar ainda por pequena desvalorização em 2016 (mas bastante inferior a de 2015) e as expectativas inflacionárias, que não param de subir e impactam a inflação efetiva no futuro. Diante dessas incertezas, alguns economistas tem apoiado o aumento da taxa de juros, buscando combater a piora das expectativas inflacionárias, pressionando o Banco Central a ratificá-las. Desta forma, argumentam os economistas, as expectativas poderão voltar a cair e auxiliar a autoridade monetária no combate à carestia. Por outro lado, os que defendem a manutenção ou queda dos juros afirmam que os impactos negativos da política monetária recessiva já são visíveis, com a queda no nível de atividade, emprego e salários, fatores reais que contribuirão de maneira decisiva para a queda da inflação no futuro próximo. O que está em jogo, portanto, é se o Banco Central dará maior importância aos dados “reais” da economia (que apontam para uma queda dos índices de preços), ou atenderá as pressões daqueles que colocam mais peso nas expectativas como fator decisivo para a queda da inflação. A questão de fundo, no entanto, será saber se o Banco Central acredita de fato que a inflação de serviços, que permaneceu elevada em 2015 e possui grande impacto sobre o índice total de preços, irá cair em 2016, ou se permanecerá elevada dada a indexação. Mesmo que conclua que a inflação de serviços permanecerá alta, restará ainda a questão de saber se a taxa de juros é o melhor instrumental econômico para desbaratar as relações de indexação que, mesmo diante de uma profunda recessão, fazem os preços se manterem elevados.

 
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