Mercado de trabalho: gênero e flexibilização

Artigo de José Dari Krein e Bárbara Castro analisa como mulheres e homens se inserem no mercado de trabalho. O artigo considera que entre 2004 e 2013 ocorreram melhoras nos indicadores do mercado de trabalho, com elevação da formalização e da renda do trabalho e uma queda do desemprego. No entanto, as tendências de flexibilização, que se fortalecem nos anos 1990, continuaram presentes nos anos 2000.

Quanto à questão de gênero, os autores apontam que a divisão sexual do trabalho se expressa também na flexibilização: as jornadas parciais, os contratos temporários, o trabalho a domicílio e o homeoffice são vendidos pelas empresas como políticas de trabalho e família, atribuindo às mulheres a responsabilidade pelo cuidado da casa e dos filhos e oferecendo trabalhos precários e flexíveis para que elas dêem conta da dupla jornada que lhes é exigida. Os autores questionam, portanto, em que medida esses aparentes benefícios são escolhas efetivas dessas mulheres, já que sofrem com a imposição dos papéis sociais de gênero e a ausência de políticas públicas voltadas para a conciliação do trabalho e família de maneira compartilhada (entre homens e mulheres).

Assim, a desigualdade de inserção das mulheres no mercado de trabalho também ocorre pela flexibilização nas modalidades de contratação, pois a flexibilização facilita a inserção das mulheres no mercado de trabalho (reforçando e naturalizando a responsabilidade das mulheres conciliarem trabalho e família) e legitima as formas de contratação flexível, que tendem a constituir um mercado de trabalho mais precário.