Entrevista aborda novas formas de luta e coletivos mapeados em “Cartografias da Emergência: Novas Lutas no Brasil”

Novas formas de luta e coletivos mapeados no livro Cartografias da Emergência: Novas Lutas no Brasil foram temas do Entrevista FPA nesta segunda-feira (30/11). A diretora da Fundação Perseu Abramo, Luciana Mandelli conduziu a conversa com professor da USP Jean Tible e a pesquisadora do Museu Nacional Alana Moraes, organizadores da publicação, que é editada pela FES (Friedrich Ebert Stiftung).  Também participaram da conversa o diretor da FES Fábio Balestro Floriano e  a historiadora Thamires Sarti. Além dos internautas, a entrevista contou com a participação presencial de estudantes universitários no auditório da FPA.

O tema das novas formas de organização política, principalmente da juventude, tem sido abordado em uma série de debates, publicações e pesquisas promovidos pela Fundação Perseu Abramo, em parceria com a FES.  Luciana Mandelli destacou que, mais do que apresentar conclusões sobre esses novos movimentos, a FPA quer debater e conhecer essas novas organizações.

O livro reúne entrevistas de pessoas ligadas a seis coletivos que abrangem as mulheres, os povos indígenas, os negros e os hackers, que seriam uma nova geração política.  Alana e Jean explicaram  que o projeto que chegou a estes grupos paradigmáticos do novo momento político a partir “da vontade de entender o momento mais perene dos movimentos e coletivos que existiam e tentaram se conectar antes e depois de junho de 2013.”

“Uma nova geração política significa fundamentalmente um grupo de pessoas que, em algum momento histórico, começa a compartilhar um conjunto de questões em comum. Tentamos entender essa experiência em comum de fazer política e fizemos um desenho de quais são as questões, de quais são os eixos, esses temas, esses nós que marcam essa nova geração política”, resume Alana.
Livro traça uma nova cartografia das novas lutas políticas no Brasil
A cartografia, o desenho desses temas, está retratada em três eixos no livro: os novos movimentos culturais – povos indígenas, povos tradicionais; as periferias e democratização e liberdade,; e eedes e novas linguagem. No primeiro eixo concentra-se a emergência de novo grupos étnicos que estão produzindo e reproduzindo sua etnia de maneira renovada, como o coletivo Terreiro da Mãe Beth retratado no livro, que faz o debate sobre a ancestralidade de matriz africana mas com tecnologia.

Já o eixo das periferias e democratização foi captado a partir de coletivos, como o Norte Comum do Rio de Janeiro, que  estão se reapropriando do debate sobre o direito à cidade como uma forma política muito mais potente e também estão levantando a questão ligada à periferia e ao movimento negro, discutindo violência da policia militar, o genocídio da juventude negra, educação popular e acesso às universidades.

E o último grande eixo do livro combina muito com as novas produções do movimento feminista que vêm discutindo e produzindo essa ideia de liberdade do corpo, de tomar as ruas e o debate com as redes, como a Marcha das Vadias. E com o coletivo de hackers que está ligado à produção de novas tecnologias.

O livro Cartografias da Emergência: Novas Lutas no Brasil, editado pela FES (Friedrich Ebert Stiftung), está disponível aqui para ser baixado.

Assista ao programa Entrevista FPA  na íntegra.

Livro traça uma nova cartografia das novas lutas políticas no Brasil

Fotos de Sérgio Silva. Veja a galeria de imagens.