Com duração de três meses, curso de Difusão do Conhecimento irá beneficiar mais de 300 pessoas; presidente da FPA fez aula inaugural

Formação de quadros mais bem preparados, munidos de pensamento crítico e analítico. Este o objetivo do convênio firmado na quarta-feira, dia 4, entre a Fundação Perseu Abramo (FPA) e a Central Única dos Trabalhadores de São Paulo (CUT-SP), para a realização do curso de Difusão do Conhecimento em Gestão de Políticas Públicas, que irá beneficiar inicialmente mais de 300 trabalhadores. 

Fundação e CUT-SP firmam acordo para formação de quadros

“Será uma articulação e troca de experiências entre os participantes. Formação é essencial para avançar, é preciso ter quadros com clareza para elaborar e discutir propostas de mudança em nosso Estado”, afirmou o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, durante a assinatura do convênio, realizada, não à toa, na Assembleia Legislativa do Estado, marcadamente governista e onde a oposição progressista tem penado para se fazer ouvir.

Aprender e avançar
Presentes ao evento estavam o presidente da FPA Marcio Pochmann; Paulo Sérgio, secretário de Política Sindical PT-SP; Paula Néri, secretaria nacional de Formação da CUT; Telma Vitor, secretária de Formação da CUT-SP, que coordenou a mesa; e o professor e coordenador do curso, Luís Vita. Teonílio da Costa, o Barba, deputado estadual pelo PT, também compareceu e saudou a proposta. 

Para Paulo Sérgio, o curso prova que os trabalhadores estão se preparando, pensando pra frente. “Temos a mesma forja, PT e CUT, e temos de fazer a formação dos trabalhadores pra enfrentar a truculência dessa burguesia. Vamos aprender, avançar e vencer”. Paula Néri destacou a possibilidade de a experiência ser replicada em todas as regiões do país e Luís Vita disse que a expansão do curso para os movimentos sociais e sindicais permite construir inovações e projetos.

Após a assinatura, a audiência presente contou com uma aula inaugural de Marcio Pochmann. O economista falou sobre a importância de uma “formação assentada no princípio fundamental da transformação do nosso país pelo conhecimento”, propondo uma reflexão sobre os desafios do momento que vivemos. 

Mudança no mundo do trabalho
“Sob uma perspectiva dos trabalhadores, temos dois aspectos, uma mudança profunda na classe trabalhadora: em 1980, ela era derivada do sistema industrial, a indústria era 35% do PIB. Hoje, a indústria representa 9%. Era uma classe assentada no trabalho material. Hoje, a classe trabalhadora é assentada 4/5 no setor de serviços. Ele pode ser lido como trabalho imaterial, ele não resulta em algo palpável. Pode ser feito em qualquer lugar, pode ser feito mediante as novas tecnologias.”

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Para Pochmann, isso faz com que a jornada seja extensiva. “Estamos plugados 24h no trabalho e se há mais trabalho, há mais riqueza, riqueza esta que não está sendo tributada. Trata-se de uma nova realidade ainda não estudada pelos sindicatos”. O presidente da FPA abordou ainda a questão da tributação regressiva no país, que pune os mais pobres, a crise de representação (política, sindical etc), mudanças demográficas e seus impactos previdenciários e finalizou sobre o curso: “o ensino, o conhecimento não muda o mundo, muda as pessoas. As pessoas mudam o mundo. O que queremos é mudar a cabeça das pessoas para mudar a realidade brasileira.”

Ao final, o professor Luís Vita fez uma apresentação da plataforma do curso a distância, que deve durar três meses e meio, e sua forma de monitoria, além do material, que irá discutir políticas públicas, gestão, a conjuntura atual e a dinâmica histórica que gerou essa realidade. “O que pretendemos aqui é conhecer o passado, analisar o presente e projetar o futuro. Conheça o Curso de Difusão aqui. 

Fotos Sérgio Silva