IBGE divulgou nesta manhã a taxa de desemprego do trimestre encerrado em agosto, que registrou 8,7%

Ano 3 – nº 328 – 29 de outubro de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Desemprego sobe no terceiro trimestre e alcança 8,7%, segundo Pnad: O IBGE divulgou nesta manhã a taxa de desemprego do trimestre encerrado em agosto, que registrou 8,7%, alta em comparação com os 6,9% verificados no trimestre anterior, encerrado em maio. Este aumento do desemprego se deveu, em grande medida, à elevação da população desocupada, que cresceu 29,6% no período, e da relativa estabilidade da população ocupada, que somou 92,1 milhões de pessoas. Além da elevação no desemprego, também se verificou queda no rendimento médio real habitualmente recebido, que passou de R$ 1.904 para R$ 1.882, um recuo de 1,1%. Do ponto de vista da estrutura do mercado de trabalho, verificou-se a queda de 1,2% no número de empregos com carteira assinada, representando o fechamento de aproximadamente 425 mil empregos no período. Com isso, o número de trabalhadores por conta própria aumentou 0,6% na comparação com o período anterior e 4,4% em relação ao mesmo período de 2014, uma elevação de 900 mil pessoas nesta categoria.

Comentário: O aumento da taxa de desemprego é certamente a face mais cruel do ajustamento recessivo que se impôs à economia brasileira. Ele reduz a renda e desorganiza o mercado de trabalho, aumentando a informalidade e retirando direitos. Alguns economistas ainda defendem que a redução do salário real, causada basicamente pelo aumento do desemprego e pelo da inflação, poderá servir como forma de reduzir os custos produtivos, aumentando a competitividade das empresas nacionais e proporcionando, no futuro, uma recuperação dos investimentos produtivos. Este argumento, já desacreditado por Keynes na década de 1930, simplesmente desconsidera o importante efeito do salário, do emprego e da renda na manutenção da demanda efetiva doméstica, uma vez que apenas o trabalhador com emprego é capaz de tomar crédito, consumir e garantir desta forma a manutenção e ampliação das atividades produtivas. A demanda doméstica é um importante fator na decisão de investimento do empresariado, que investe na expectativa de vender seus produtos e rentabilizar seu capital, não apenas por que os salários ou custo de produção estão baixos. Neste cenário, pouco adiantará adotar a proposta de liberação gradual do crédito ao consumidor, uma vez que as famílias estão endividadas, pouco confiantes e vendo sua renda real cair constantemente. Para uma política de crédito ao consumo ter efeitos práticos, será necessário coaduná-la com uma fonte de “demanda autônoma”, que dê reais perspectivas para o empresariado e viabilize a retomada das atividades produtivas, levando assim à queda do desemprego e à retomada da confiança e da capacidade de consumo das famílias através do aumento da renda.  A retomada do consumo através do crédito, portanto, é consequência potencializadora e não causa original da recuperação da economia.

 
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