A taxa é bastante superior à verificada no mesmo mês de 2014, quando o desemprego alcançava apenas 4,9% da PEA
Ano 3 – nº 326 – 22 de outubro de 2015
ECONOMIA NACIONAL
Desemprego se mantém estável em setembro, mas renda volta a cair: A taxa de desemprego calculada pela PME do IBGE em setembro manteve-se estável em relação à registrada em agosto, marcando 7,6%. Apesar disso, a taxa é bastante superior à verificada no mesmo mês de 2014, quando o desemprego alcançava apenas 4,9% da população economicamente ativa. Isso se deve tanto à variação da população desocupada, que cresceu 56,6% em comparação com setembro de 2014, quanto a queda da população ocupada, que apresentou retração de 1,8% na mesma métrica, com queda de 3,5% nas ocupações com carteira assinada. Do ponto de vista do rendimento médio real habitual, houve queda tanto na comparação mensal quanto na comparação anual. Na passagem de agosto para setembro, a renda apresentou queda de 0,8¨% (de R$ 2196,54 para R$ 2179,80) e de 4,3% em relação a setembro de 2014, quando havia registrado o valor de R$ 2.278,58. Regionalmente, a comparação mensal destacou o aumento da desocupação nas regiões de São Paulo (aumento de 10,4%) e RJ (aumento de 25,7%), tendo ficado estável nas outras regiões. No confronto anual, no entanto, o aumento da desocupação é verificado em todas as regiões do país.
Comentário: A elevação do desemprego é o resultado esperado (e desejado por alguns economistas) do processo recessivo a que a economia brasileira foi submetida. Em grande medida, ela decorre do retorno ao mercado de trabalho de jovens e pessoas que estavam afastadas do mercado, uma vez que, diante da crise, há a necessidade de ajudarem no sustento de suas famílias. Esse aumento da demanda por emprego infla as estatísticas do desemprego, que em momentos anteriores se valeu desse prolongamento do período de estudos e do afastamento de parte da PEA do mercado de trabalho para registrar taxas próximas ao pleno emprego. A queda na renda é a consequência lógica do aumento da desocupação, sendo considerada por alguns economistas como fator decisivo para a retomada do crescimento econômico sem pressões inflacionárias. Na visão destes economistas, o salário aparece como um importante componente de custo das empresas, impedindo novos investimentos quando seu crescimento ocorre acima dos ganhos de produtividade. O que não aparece neste tipo de análise é que a produtividade tem vários outros determinantes (como inovação técnica, organização do processo de trabalho, investimento em capital, ganhos de escala, etc.) muito mais decisivos do que o nível dos salários. Ademais, esquecem de lembrar que a renda do trabalhador, ao mesmo tempo que é custo do empresário, é sua principal fonte de demanda: sem renda salarial, não há demanda e, portanto, não há motivos para investir. Desta feita, apostar que a queda da renda será a origem de um novo ciclo de investimentos significa não apenas ignorar o baixo nível médio de renda da maior parte da população brasileira, como acreditar em uma causalidade econômica que já se provou equivocada ao longo da história do capitalismo mundial.
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* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade de seu autor, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.
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