Fazenda, Planejamento e BC estudam anúncio de uma extensão no tempo de suas metas fiscais e de inflação em 2015 e 2016

FPA Informa - Conjuntura 324

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Ano 3 – nº 324 – 20 de outubro de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Flexibilização e adiamento das metas fiscal e inflacionária se tornam realidade: A realidade se impôs ao debate econômico nacional, fazendo com que tanto o Ministério da Fazenda (e do Planejamento) quanto o Banco Central estudem o anúncio de uma extensão no tempo de suas metas fiscais e de inflação, tanto em 2015 quanto em 2016. Em grandes linhas, isso representa dizer que as metas estabelecidas inicialmente não poderão ser cumpridas, sendo necessário mais prazo para as autoridades econômicas alcançarem sua consecução. No caso fiscal, a meta já revista de superávit primário de 0,1% do PIB não será realizada, dada a frustração na obtenção de algumas receitas extraordinárias e, principalmente, a redução no ritmo da atividade econômica, que fustigou profundamente as receitas públicas. Mesmo com queda real dos gastos totais do governo central, a redução da receita pública irá deixar um déficit da ordem de R$ 50 bilhões no resultado primário de 2015, que se somado ao gasto crescente com juros irá produzir um cenário fiscal muito pior do que o verificado em 2014. Do ponto de vista da inflação, a desvalorização cambial e a persistência de uma inércia inflacionária parecem estar fazendo com que o Banco Central estude estender o prazo para alcançar a convergência do IPCA para o centro da meta, deixando este objetivo para 2017 e possibilitando uma condução menos contracionista da política monetária em 2016.

Comentário: Após meses de debate puramente ideológico, onde os defensores do ajuste apostavam em uma estratégia de “choque ortodoxo” como forma mais rápida e eficiente de debelar a crise que o país atravessa, parece que a realidade se impôs sobre a vontade daqueles que planejaram e executaram um conjunto de “ajustes” em um grande número de variáveis econômicas. No mundo real, um cenário de ajuste mais gradual do que o inicialmente esperado se impôs, fazendo com que a inflação só alcance o centro da meta em 2017 e que os resultados fiscais exijam a retomada do crescimento econômico para se consolidar. Aparentemente, teria sido menos custoso para o país se as autoridades econômicas tivessem anunciado, logo de início, um ajuste mais gradual, com prazos mais longos e que não afetassem tão negativamente o crescimento e as expectativas dos agentes econômicos. Ao apostar na estratégia do “choque”, cortando profundamente os gastos (particularmente em investimentos), aumentando juros, desrepresando todos os preços ao mesmo tempo e liberando completamente a flutuação cambial, o governo não conseguiu alcançar nenhum de seus objetivos iniciais, mas promoveu uma recessão e um desemprego muito acima do inicialmente esperado. A imposição da realidade sobre as previsões iniciais permite uma segunda chance ao governo, que pode repensar sua estratégia de ajustamento, priorizando a retomada do ritmo de atividade e a comunicação eficiente de metas realistas de médio/longo prazos como forma de superar a crise, em grande parte aumentada pela estratégia inicial de “choque ortodoxo”.

 
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