No dia 28, a presidenta iniciou uma visita de trabalho aos EUA, com compromissos em Nova Iorque, Washington e São Francisco

Ano 2 – nº 19 – 01 de julho de 2015
 

Viagem de Dilma aos Estados Unidos

No domingo, 28 de junho, a presidenta Dilma Rousseff iniciou uma visita de trabalho aos Estados Unidos, com compromissos em Nova Iorque, Washington e São Francisco. No domingo a presidenta reuniu-se com empresários brasileiros que atuam no país e na segunda-feira a agenda incluiu encontros com representantes de setores industriais e de fundos de investimento, na qual divulgou-se o recente plano de concessões para investimento no setor de infraestrutura no Brasil.

Na terça, 30 de junho, após reuniões de trabalho, Dilma e Obama anunciaram uma série de acordos bilaterais, como o acordo de Previdência Social, que contabilizará o tempo de contribuição previdenciária de trabalhadores nos dois países e beneficiará a maior comunidade de brasileiros no exterior. Os presidentes anunciaram também uma série de medidas no âmbito de um acordo sobre o clima, com vistas à Conferência das Partes, que acontece em dezembro, em Paris (COP-21), que preveem a Iniciativa Conjunta Brasil-Estados Unidos sobre Mudança do Clima, por meio de um grupo de trabalho de alto nível, para ampliar a cooperação bilateral em questões relacionadas ao uso da terra e energia limpa, bem como diálogos políticos em âmbito nacional e internacional.

Segundo o documento, até 2030, os dois países pretendem alcançar 20% de fontes renováveis de energia elétrica (para além de hidrelétricas) e o Brasil se compromete a restaurar e reflorestar doze milhões de hectares de florestas. Em seu pronunciamento, Dilma anunciou a meta de zerar o desmatamento ilegal no mesmo prazo. Além disso, os presidentes anunciaram também a inclusão do Brasil no Programa Entrada Global que, embora não elimine a necessidade de vistos, facilita a entrada de viajantes frequentes e é considerado um primeiro passo para a futura eliminação, oferece medidas para a facilitação do comércio entre os dois países e um memorando de entendimento para a cooperação no ensino técnico e profissionalizante.

Temas relacionados à internet e à segurança cibernética também estiveram presentes no comunicado conjunto dos presidentes. Lembramos que a suspensão da visita de Estado em 2013 se deu após revelação do ex-funcionário da NSA, Edward Snowden, de práticas de espionagem por parte dos Estados Unidos em diversos países, dentre os quais o Brasil. Dilma e Obama defenderam uma governança da internet transparente e inclusiva, com “a participação dos governos, da sociedade civil, do setor privado e das organizações internacionais”, seguindo as diretrizes da conferência NETMundial, realizada em São Paulo no ano passado. Decidiram ainda criar um grupo de trabalho sobre internet e tecnologias da informação, para prevenção de crimes cibernéticos e segurança nas redes.

Nesta quarta-feira, 1º de julho, o último dia da viagem inclui reuniões com altos executivos do setor de tecnologia da informação do Vale do Silício, bem como dos setores aeroespacial, de biotecnologia e biomedicina, para incentivar parcerias entre instituições dos dois países.

Semana decisiva na Grécia
Após meses de negociações entre as instituições da União Europeia (UE) e a Grécia, nesta terça-feira, 30 de junho, a crise atingiu seu ponto mais crítico até o momento. Nas últimas semanas, a intensa queda de braço entre as instituições da UE e o governo grego chegou a um impasse. Embora ambas as partes concordassem com a necessidade de medidas de ajuste na economia, as fontes de discordância vinham se dando em como gerar este superávit. A Grécia apresentou uma proposta que previa uma economia de € 8 bilhões, conforme exigência dos credores mas, ao contrário de aprofundar os cortes nas aposentadorias e nos salários – que já foram diminuídos significativamente desde o início da crise -, o plano propunha aumentar a arrecadação (cerca de 92% desta economia viriam de uma reforma fiscal para taxar as grandes fortunas e os artigos de luxo) e reestruturar a dívida (considerada insustentável até mesmo pelo FMI). Outro ponto de divergência se deu em torno da subida do imposto sobre valor agregado, que atualmente conta com uma faixa reduzida para alimentos, medicamentos, livros, energia, entre outros. Ainda que a proposta grega contemplasse a economia de € 8 bilhões, os credores insistiam no corte de aposentadorias e no aumento do Imposto Sobre Valor Acrescentado (IVA), evidenciando o caráter essencialmente político desta disputa.

No final de semana, frente ao impasse, o governo grego convocou um plebiscito para o próximo domingo, 5 de julho, no qual a população será consultada se está de acordo ou não com as medidas de austeridade exigidas pela UE. Além disso, sem a renovação do resgate e frente à corrida aos bancos, o governo decretou feriado bancário e medidas para controle de capitais. Nesta última terça-feira, 30 de junho, vencia o prazo para a renovação do programa de resgate da UE. Dada a convocação da consulta, a Grécia solicitou uma curta prorrogação do prazo. Não houve acordo: à meia noite de ontem, o pacote de resgate, que estava vigente desde fevereiro de 2012, expirou e, sem os recursos, a Grécia não fez o pagamento da parcela de um empréstimo ao FMI (no valor de € 1,6 bilhões).

Embora a pergunta colocada pelo plebiscito não esteja tecnicamente em negociação desde a meia noite, qualquer novo programa de resgate por parte das instituições europeias recolocará as exigências de austeridade. Ainda nesta terça-feira, o governo grego solicitou aos ministros do eurogrupo um terceiro programa de resgate e a reestruturação da dívida. A chanceler Angela Merkel já anunciou que um novo programa somente será considerado após a consulta de domingo.

Duas pesquisas de intenção de votos foram divulgadas, ambas foram realizadas antes do anúncio oficial do plebiscito. Pesquisa do instituto Kapa Research para o jornal To Vima aponta que 47,2% votariam a favor das propostas da UE, 33% votariam não e 18,4% não tinham uma decisão. Na pesquisa do instituto Alco para o jornal Proto Thema 57% dos entrevistados defenderam um acordo com a UE. Embora uma vitória do “não” não implique automaticamente a saída da Grécia da zona do euro, defensores do “sim” e autoridades da UE, da Alemanha e de outros países membros têm feito campanha nestes termos. Uma vitória do “não” abriria um precedente importante para outros casos, como a Espanha, que terá eleições no final do ano, com chances reais para forças políticas críticas às medidas de austeridade, como o Podemos. Por outro lado, uma vitória do “sim”, que segundo as pesquisas divulgadas até o momento parece ter vantagem, enfraqueceria significativamente o governo de Atenas. O premiê Tsipras, que defende publicamente o “não”, anunciou nesta terça-feira que renunciará se for derrotado na consulta. Nesta quarta-feira está marcada uma nova teleconferência dos ministros de finanças do eurogrupo. É provável que as mobilizações e as intenções de voto durante esta semana deem parâmetros importantes para a queda de braço a ser travada até domingo.

Para ler mais:

Comunicado Conjunto da Presidenta Dilma Rousseff e do Presidente Barack Obama – Washington, 30 de junho de 2015
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Declaração Conjunta Brasil-Estados Unidos sobre Mudança do Clima – Washington, D.C. – 30 de junho de 2015
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* As opiniões aqui expressas são de inteira responsabilidade do sua autora, não representando a visão da FPA ou de seus dirigentes.
 

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