O resultado do IPCA de maio surpreendeu negativamente a média dos analistas

Ano 3 – nº 284 – 10 de junho de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Inflação de maio segue em alta e acumulado em doze meses alcança 8,47%: O resultado do IPCA de maio surpreendeu negativamente a média dos analistas, que esperavam um recuo na inflação mensal na comparação com abril, mas viram o índice alcançar a marca de 0,74%, acima dos 0,71% de abril e dos 0,58% previsto pelos analistas para o mês. A alta na inflação de maio foi puxada pela elevação de preço das tarifas de energia elétrica, que subiram 2,77% no mês e representaram 0,11 pontos do índice total, influenciando diretamente no aumento de 1,22% no grupo habitação. Outro aumento significativo de preços se verificou no grupo de alimentos e bebidas, que registrou alta de 1,37%, puxada por itens como cebola (35,59%), morango (29,65%) e tomate (21,38%). Com este resultado, o IPCA de janeiro a maio já acumula alta de 5,34%, acima do centro da meta de inflação para todo o ano. Além disso, o indicador acumulado em doze meses alcançou 8,47%, quase dois pontos acima do teto da meta para 2015 e acima da taxa de 8,17% registrada nos doze meses findos em abril.

Comentário: A inflação atual é basicamente decorrente do aumento dos preços administrados, que foram reajustados este ano em linha com a estratégia do ajuste fiscal. Segundo o IBGE, um quarto da inflação do ano se deve apenas ao aumento do custo da energia elétrica, que teve elevação de 42% no ano e já acumulou alta de 58,47% em doze meses. Outro preço administrado que teve impacto na inflação foi a gasolina, que tem peso parecido com o da energia elétrica no IPCA (3,93%, enquanto a energia elétrica tem peso de 3,89% na composição do índice total) e subiu de preço no início do ano, devido ao aumento da Cide e o reajuste concedido à Petrobras. Em suma, a inflação brasileira atual é causada pela decisão do governo de reajustar, de uma vez só, todos os preços administrados defasados da economia, com o objetivo de garantir as metas fiscais, já que manter os preços administrados contidos significaria a manutenção de algum nível de subsídio para as empresas destes setores. Contra esta “inflação de custo”, a taxa de juros é uma ferramenta completamente ineficaz de combate à carestia, servindo apenas para aprofundar a recessão e, desta feita, evitar que parte da alta de preços administrados se alastre para o restante dos preços da economia. O custo desta medida, no entanto, é o aprofundamento da recessão, o aumento do pagamento de juros pelo governo (consumando uma troca entre gastos públicos em investimentos e setores sociais por mais gastos com juros) e a elevação do desemprego. Este conjunto de fatores negativos já ameaça a manutenção do grau de investimento do Brasil, justificativa primeira para a realização do atual ajuste fiscal.
 
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