As vendas no comércio varejista brasileiro registraram nova redução no mês de março, caindo 0,9% na comparação com o mês anterior
Ano 3 – nº 275 – 14 de maio de 2015
ECONOMIA NACIONAL
Vendas no varejo apresentam nova queda no mês de março:As vendas no comércio varejista brasileiro registraram nova redução no mês de março, caindo 0,9% na comparação com o mês anterior. Este resultado surpreendeu negativamente os analistas, que esperavam queda de apenas 0,3% das vendas no período. Com este resultado, o setor acumula queda de 0,8% no primeiro trimestre do ano, mas ainda permanece com variação positiva de 1% no acumulado de doze meses. A receita nominal do varejo também apresentou queda na comparação mensal, reduzindo-se 0,4% na comparação com fevereiro (quando havia se ampliado 0,5%), mas mantendo alta de 7,3% no acumulado de doze meses. Já o varejo ampliado, que inclui a venda de carros, motos, autopeças e material de construção, a queda foi mais acentuada, registrando redução de 1,6% e queda de receita nominal da ordem de 1,5%. Neste caso, o indicador acumulado de doze meses já é negativo em 3,4%, sendo que a queda no primeiro trismestre do ano alcança a casa de 5,3%.
Comentário: A redução das vendas no varejo já era esperada pelos analistas, mas o ritmo acelerado com que está ocorrendo deve levá-los a revisar para baixo as expectativas de crescimento deste ano. O lado “positivo” deste processo é que fica claro que as medidas recessivas de ajuste fiscal, monetário e creditício tem tido um impacto grande já no primeiro semestre de 2015, deprimindo o consumo, o investimento e as expectativas em um ritmo acima do esperado pelas autoridades econômicas. Neste sentido, é possível que o Banco Central reveja sua intenção de continuar elevando os juros, ao compreender que a dose de recessão já está elevada o suficiente e que deve ser contida para evitar os efeitos perversos de uma depressão. Com a queda na demanda e nos investimentos ocorrendo de maneira acelerada, fica evidente que qualquer preocupação com redução da inflação de demana é infundada, pois os elementos que pressionam os preços estão majoritariamente ligados aos custos, em particular ao aumento dos preços monitorados. Quando os efeitos recessivos das políticas chegarem ao mercado de trabalho, aumentando o desemprego e deprimindo os salários e rendimentos do trabalho, a estratégia recessiva estará completa e poderá ser revertida, pois a inflação de serviços (profundamente dependente do nível de salários) deve se reduzir rapidamente. Sem maiores pressões inflacionárias, os juros poderão voltar a se reduzir e o governo pode insistir em sua estratégia de desvalorização cambial, sem medo de perder o controle do processo inflacionário. Caso este cenário se confirme, veremos uma mudança importante na estratégia de desenvolvimento nacional, antes baseada no crescimento do mercado interno (via aumento salarial e distribuição de renda) e no investimento público, agora fundada na esperança de crescer com o mercado externo (o que exige salário real mais baixo) e de retomada dos investimentos privados.
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Vendas no varejo/Brasil
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IBGE
CAGED/Brasil
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Min. Do trabalho
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