Segurança e uma visão de esquerda foi tema de seminário no PT/SP
Com presença de militantes e estudiosos de várias regiões do estado de São Paulo no auditório do Diretório Regional do PT/SP foi realizado, no dia 24 de abril, o debate “a segurança pública pensada pela esquerda”, organizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA), o PT-SP e Fundação Friedrich Ebert (FES).
Vilma Bokany, coordenadora do Núcleo de Pesquisa e Opinião da FPA, apresentou, na abertura do debate, os resultados da pesquisa sobre segurança realizada pela FPA.
Assista os debates realizados no canal da FPA no Youtube:
A violência e segurança pública são preocupantes para os pesquisados, mas segundo Bokany, “a espetacularização da violência feita diariamente na mídia impacta negativamente na sensação geral da população e faz com que o medo da violência ou a falta de confiança na segurança pública altere hábitos e atitudes relacionados ao direito à cidade. A ocorrência de situações de violência, no entanto, é aparentemente menor do que a sensação de insegurança”.
Mesa de abertura contou com apresentação da pesquisa FPA
Baixe a pesquisa aqui.
Para Paulo Ramos, da secretaria de Combate ao Racismo do PT, “a importância do tema segurança é fundamental para consolidar direitos que estão na Constituição Federal. Para a concretização da dmocratização do Brasil precisamos reformular algumas instituições, entre elas a polícia. Precisamos de um novo modelo de segurança pública, com protagonismo da sociedade”, disse.
Para Jacqueline Sinhoretto, professora do Departamento de Sociologia da UFSCar, os “desafios não são poucos e há uma ação reativa ao tema de segurança. Hoje, as propostas são populistas, como é a da redução da maioridade penal. A pauta hoje é de quebra de direitos e participação social reduzida”.
Na mesa seguinte, sobre crescimento do encarceramento e dilemas da prisão, participaram os estudiosos Weber Lopes e Camila Dias, com a mediação de Abdael Ambruster.
Para Camila Dias, a “prisão não pode ser reformada, mas é vista como solução” por parte da sociedade. O pesquisador Weber Lopes refletiu sobre a relação entre segurança e racismo e na necessidade da sociedade brasileira mudar a maneira de encarar ambos os temas.
Segurança, estrutura policial e racismo foram pauta do debate
O historiador Weber Lopes acredita que é preciso criar uma reforma “de baixo para cima, a partir dos segmentos sociais, a partir daqueles que são lesados e devem ser ouvidos”.
A mesa sobre modelos de policiamento e direito à segurança contou a exposição de Rodrigo Azevedo e Miguel Ângelo.
O sociólogo Rodrigo, pesquisador e conselheiro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública acredita que a perspectiva democrática do debate sobre segurança é fundamental. Para conhecer a apresentação de Rodrigo, leia aqui.
“Temos problemas com a vioilência policial, com a falta de garantia de segurança e acaba predominando no debate com a sociedade a visão punitivista. Apresentar uma alternativa significa fazer um balanço do último período para avaliar o que foi feito, que avanços conseguimos e quais as lacunas que ainda não foram enfrentadas, como é o caso da reforma do modelo de política no Brasil”, disse Rodrigo.
Miguel Ângelo, do Fórum HipHop, alertou para as dificuldades dos governos de esquerda “no entendimento do racismo, que explica a violência policial e o encarceramento”.
Para Ângelo, os “pretos são vistos como menos humanos e a violência policial gera doença na população negra”. Ele também criticou os processos eleitorais que “levam o PT a se igualar no debate sobre segurança”.
Fotos: Sergio Silva