A queda nas exportações alcançou todas as categorias de bens (básicos, semimanufaturados e manufaturados)

FPA Informa - Conjuntura 267

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Ano 3 – nº 267 – 22 de abril de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL
Queda nas exportações prejudica balança comercial brasileira: O saldo comercial do Brasil com o resto do mundo na terceira semana de abril foi negativo em US$ 240 milhões, resultado de exportações de US$ 3,745 bilhões e importações que somaram US$ 3,985 bilhões. Apesar de apresentar alta na comparação semanal, passando de média diária de US$ 721,9 milhões nas primeiras semanas do mês para média diária de US$ 749 milhões na terceira semana, o volume de exportações apresentou queda na comparação mensal e anual, tendo caído 5% em relação ao mês anterior – de média diária de US$ 986,2 milhões em abril de 2014 para US$ 733,2 milhões em abril de 2015, desempenho 25,7% pior. A queda nas exportações alcançou todas as categorias de bens (básicos, semimanufaturados e manufaturados), mas se mostrou mais acentuada nos produtos básicos (queda de 29,4%), dada a queda do preço das commodities nos mercados internacionais. Já o volume de importações também apresentou redução, mas de menor monta, com queda de 22,8% na comparação com a média diária registrada em abril de 2014. O mais recente resultado ampliou o déficit comercial brasileiro registrado no ano, que alcançou o valor negativo de US$ 5,665 bilhões.
Comentário: Apesar de mantermos uma situação tranquila do ponto de vista externo, com vastas reservas e grande entrada de investimento estrangeiro (o que financia tranquilamente nossos déficits em transações correntes), a deterioração da balança comercial indica uma importante alteração na lógica do crescimento internacional, que determina o preço dos principais produtos de exportação. Mesmo após alguns anos de crescimento baixo e desvalorização da taxa de câmbio, a tendência de deterioração da balança comercial não se reverteu, em particular dado o cenário recessivo internacional, que leva à redução dos preços de nossos principais produtos de exportação. Além disso, pode-se observar uma importante queda no volume de importação de alguns bens manufaturados por nossos principais parceiros regionais, como o caso dos automóveis que exportamos para a Argentina. A retração esperada da economia brasileira (que deve reduzir a necessidade de importações), em conjunto com a desvalorização do real (que incentiva a exportação), deve ter algum efeito positivo sobre a balança comercial no médio/longo prazo. Porém, diante de cenário tão negativo e contando com uma estrutura industrial cada vez mais permeável e dependente de importações, o esforço para retomar os superávits comerciais deverá ser muito maior do que o realizado atualmente. A manutenção de uma taxa de câmbio em patamares desvalorizados por um período longo de tempo deve ter algum efeito sobre as expectativas dos exportadores e, particularmente, sobre a constituição de cadeias de fornecedores locais para os industriais. A composição e dilemas de nossa balança comercial, deste ponto de vista, é apenas o reflexo das dificuldades que temos em nossa estrutura produtiva e industrial.
 
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