Valorização do professor, o caminho para uma educação de qualidade
Presidenta da Apeoesp fala sobre a greve dos professores e a situação do ensino em SP no entrevistaFPA
Mais de duas semanas depois de iniciada a greve dos professores no estado de São Paulo – até então negada pelo governador Geraldo Alckmin –, a categoria foi recebida em audiência pelo secretário de Educação Herman Voorwald, na segunda-feira, dia 30. Contudo, a greve continua. “O secretário não apresentou uma só solução às nossas reivindicações, nem quanto ao salário, nem quanto à condições dos professores”, afirmou Maria Izabel Azevedo Noronha, presidenta do Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
Maria Izabel foi a convidada do entrevistaFPA desta terça-feira, 31, para falar sobre a greve, a situação do ensino público no estado hoje e a pauta de reivindicação, como por exemplo, 75,3% de aumento. “Um estudo mostra que entre 24 profissões com nível universitário analisadas o professor está lá embaixo. Nosso piso, para 40 horas semanais, é de R$ 2.143. Há concursos para níveis médios com salários maiores que os nossos”, explica a presidenta.
Maria Izabel e Joaquim Soriano discutem a educação em SP
Formada em Letras pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), Maria Izabel ingressou no magistério há 30 anos. Em 1995 concluiu o mestrado em Educação. Iniciou a militância sindical na Apeoesp elegendo-se representante de Escola. Depois, foi eleita para o Conselho Estadual de Representantes. Entre os anos de 1991-1992, coordenou a subsede da Apeoesp em Piracicaba. Em 2014, foi eleita para seu quarto mandato como presidenta da Apeoesp por mais três anos.
Valorização do professor
A reunião com o secretário só ocorreu após quatro pedidos por parte da Apeoesp. Para a presidenta, melhorar a educação no estado passa pela valorização do professor. Segundo ela, o Plano Nacional de Educação, aprovado em julho do ano passado, apontava para a necessidade, em sua Meta 17, de equiparar os salários dos professores aos demais profissionais de nível superior, o que elevaria o piso para R$ 4.130, os 75,3%.
“Claro que o secretário diz que não é possível de uma vez, tem de haver composição. Mas e no curso de um mandato? É preciso uma estratégia de desenvolvimento. Além disso, e as condições?”, afirmou Maria Izabel. Ela lembrou que uma dos principais exigências é quanto à superlotação das salas, quando a categoria pede para limitá-las a 25 crianças. “O governo fechou 3.390 salas. É o enxugamento da máquina, o estado mínimo em funcionamento.”
Tecnologia na sala de aula, envolvimento dos pais com a escola, violência e democratização dos meios de informação, entre outros, foram temas também discutidos. Os professores continuam com seu acampamento em frente à Secretaria Estadual de Educação, na Praça da República, e têm uma assembleia marcada para a quinta-feira, dia 2, no vão livre do Masp, na Avenida Paulista. “Acho que vamos até o Palácio dos Bandeirantes, vamos fazer uma ‘visitinha’ ao governador.”
entrevistaFPA
O programa entrevistaFPA é composto por quatro blocos de 15 minutos, sendo que o último bloco conta com perguntas enviadas pelos internautas. O programa já contou a participação do economista João Sicsú, do ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, do professor Reginaldo Carmelo de Moraes, do sociólogo Jean Tible, o diretor do Instituto Lula, Luiz Dulci, de Rosane Bertotti, da CUT, Paulo Vannuchi, membro da Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Genoíno, deputado federal, e Rogério Sottili, secretário municipal de Direitos Humanos de São Paulo, João Pedro Stédile, membro da direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas.
Também já participaram Jefferson Lima, secretário nacional de Juventude do PT, Miriam Nobre, da Marcha Mundial das Mulheres, William Nozaki, da Coordenação de Promoção do Direito à Cidade da Secretaria de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo; Alessandro Melchior, da Coordenação de Políticas LGBT da Prefeitura de São Paulo; o advogado Marcelo Dias, presidente da Comissão da Igualdade Racial da Ordem dos Advogados do Brasil, do Rio de Janeiro, e o ministro Gilberto Carvalho, que falou sobre a política nacional de participação social; Antônio Silva Pinto, secretário da Promoção da Igualdade Racial da prefeitura de São Paulo, e com o ator Sergio Mamberti; o deputado estadual pelo PT em SP, João Paulo Rillo; o jornalista Altamiro Borges; o cientista político Antonio Lassance; o diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA) Vicente Andreu Gillo; e a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Juvandia Moreira.
Acompanhe no Canal da FPA no Youtube a íntegra das entrevistas já realizadas.
Assista a íntegra do programa com Maria Izabel
Foto: Sérgio Silva