Uma leitura prévia do IGP-M de março mostra aceleração dos preços no atacado, o que levou o índice a subir, passando de 0,09% para 0,74%

FPA Informa - Conjuntura 252
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Ano 3 – nº 252 – 10 de março de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL
IGP-M sobe com inflação no atacado, mas varejo desacelera: Uma leitura prévia do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) do mês de março, divulgado pela FGV nesta terça-feira, mostra aceleração dos preços no atacado, o que levou o índice a subir na comparação com o mesmo período do mês de fevereiro, passando de 0,09% para 0,74%. O Índice de Preços ao Produtor Amplo (IPA), que representa 60% do índice total e calcula os preços no atacado, registrou aumento de 0,79% contra uma queda de 0,34% na leitura anterior, puxado pelo aumento de preço nos produtos agropecuários, que tiveram alta de 1,92% contra queda de 1,07% no mesmo período de fevereiro. Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que representa 30% do índice total e calcula os preços no varejo, apresentou desaceleração, passando de 0,97% em fevereiro para 0,88% em março, puxado pela queda no ritmo de aumento dos preços da energia elétrica (3,13% para 0,63%), o que aliviou a elevação de preços no grupo habitação. Por outro lado, o aumento de preços de transportes (1,92% para 2,49%) e hortaliças e legumes (2,57% para 5,34%) ainda mostram que alguns preços seguem pressionados tanto pelo aumento de impostos, quanto pela estiagem recente.
Comentário: O quadro inflacionário no Brasil vem se deteriorando devido a uma conjunção de três fatores: 1) aumento das tarifas públicas e dos preços administrados; 2) aumento de alguns impostos que são repassados para os preços finais e 3) desvalorização cambial observada recentemente, dada a instabilidade do cenário externo e interno. Somado a estes fatores, pode-se incluir o efeito da prolongada estiagem, que afeta o preço de produtos agrícolas e encarece o preço da água. Diante deste cenário, a possibilidade de a inflação oficial estourar o teto da meta neste ano não é apenas real, como bastante provável, sendo que o mercado financeiro estima que o IPCA deve fechar 2015 próximo a 8% (acima do teto de 6,5%). A boa notícia é que, uma vez dissipados os efeitos inflacionários dos aumentos de tarifa e estabilizada a taxa de câmbio, devem sobrar poucos elementos que pressionem os preços, permitindo uma rápida desaceleração da inflação no segundo semestre do ano e iniciando 2016 em um quadro bastante positivo do ponto de vista do controle inflacionário. O custo deste processo, no entanto, será a perda real do poder de compra da população conjugada a uma deterioração no mercado de trabalho, tendo em vista a redução no ritmo de atividade prevista para o ano e a redução nos ganhos reais de renda.
 
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