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Em dia de Copom, analistas esperam alta de 0,5 p.p. nos juros: Na noite desta quarta-feira se encerrará mais uma reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central, quando será anunciada a nova taxa básica de juros da economia brasileira (conhecida como taxa Selic). A maior parte dos analistas de mercado prevê que o ritmo de aumento da taxa de juros visto nas últimas reuniões se mantenha, o que significa uma elevação de 0,5 ponto percentual e uma taxa Selic de 12,25%. Segundo este grupo de economistas, tal medida é necessária para confirmar as expectativas de uma batalha dura contra a inflação e, assim, ancorar as expectativas do mercado financeiro. Outro grupo de analistas aposta que o ritmo de aumento de aumento da Selic irá se reduzir, prevendo assim uma alta de apenas 0,25 p.p. nesta reunião, com a perspectiva do encerramento do ciclo de alta dos juros. Para estes economistas, a queda nas taxas de juros internacionais eleva o diferencial de juros, que pode levar ao fortalecimento do real e, portanto, à redução da inflação. Além disso, argumentam que os anúncios de uma política fiscal mais restritiva servirão como suporte para o Banco Central não combater sozinho as pressões inflacionárias, retirando assim pressão sobre a política monetária. |
Comentário: O argumento daqueles que defendem mais uma elevação de 0,5 p.p. na taxa Selic soa autorreferenciado, uma vez que tem como componente principal o fato de “ancorar” as expectativas do mercado, formado por esses próprios analistas. Do ponto de vista dos impactos reais de tal medida, os efeitos recessivos do atual ciclo de juros já são visíveis e devem adentrar ainda mais 2015, caso a tese destes analistas se confirme. Na realidade, a recessão é exatamente o efeito esperado por alguns economistas de mercado, que enxergam na elevação dos salários o grande vilão da inflação brasileira. Com base neste diagnóstico, preconizam (alguns mais abertamente do que outros) um “remédio amargo” para a economia nacional, que teria que atravessar um período de recessão, responsável pela destruição de empregos e, desta forma, pela redução das pressões salariais inflacionárias. O governo Dilma, que resistiu fortemente a esta estratégia em seu primeiro mandato, parece ver-se obrigado a coadunar parcialmente com os argumentos mercadistas (em particular na esfera fiscal), apesar de manter a orientação de buscar sempre a preservação dos empregos e da renda. Mesmo com esta diretriz, novos aumentos na Selic, aliados a medidas fiscais anunciadas neste inicio de ano, podem afetar a defesa dos ganhos sociais e de empregos dos anos recentes, dado o impacto recessivo que tais medidas irão ocasionar na economia brasileira. |
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