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ECONOMIA NACIONAL
Inflação fica dentro da meta pelo décimo ano consecutivo: A inflação brasileira em 2014 encerrou o ano dentro da meta estabelecida pelo Banco Central, completando dez anos de manutenção da inflação dentro da meta segundo o regime de metas inflacionárias adotado pelo Banco Central. Ao acumular alta de 6,41% em 2014, a inflação brasileira medida pelo IPCA superou a verificada no ano de 2013 (quando encerrou o ano com alta de 5,91%), mas foi inferior ao teto da meta de 6,5%. O IPCA de dezembro teve alta de 0,78% (após alta de 0,51% em novembro, porém abaixo dos 0,92% registrados no mesmo mês de 2013), influenciado principalmente pela alta no preço do grupo transportes (1,38%) e alimentos (1,08%). No ano, estes dois grupos representaram 67% da alta de preços, com o grupo alimentação puxando a inflação para cima (refletindo reajustes cambiais e quebras de safra devido a mudanças no regime hidrológico) enquanto o grupo transportes puxou a inflação para baixo (devido à política comedida de reajustes de preços da Petrobras e ao adiamento do reajuste de preços nos transportes públicos). O grupo alimentação, que representa cerca de 25% dos gastos das famílias, apresentou aumento de 8,03% em 2014, enquanto os transportes tiveram alta de apenas 3,75%. Outros grupos que ajudaram a pressionar a inflação foram educação (8,45%), despesas pessoais (8,31%) e saúde (6,97%), que apesar de representarem um impacto menor no IPCA total, apresentaram variações significativamente acima da média do IPCA.
Comentário: O sucesso da manutenção da inflação dentro da meta em 2014 é uma grande vitória do governo Dilma, que até o último instante teve suas previsões questionadas pelos principais analistas de mercado, que esperavam uma variação da inflação acima da meta de 6,5%. Apesar disso, 2014 não pode ser considerado um caso de sucesso no controle inflacionário, não apenas pela inflação ter aumentado em relação à 2013, situando-se próxima ao teto da meta, como também pelo fato deste aumento maior dos preços não ter vindo acompanhado de um crescimento econômico mais robusto. Dito isto, as causas para a elevação da inflação em 2014 estão em grande medida relacionadas a fatores não recorrentes, como a grande desvalorização cambial e problemas climáticos, que podem não se repetir em 2015. A famosa “inflação de demanda” está arrefecendo, o que pode ser comprovado pelo menor ritmo de crescimento da inflação de serviços (8,32% contra 8,75% em 2013). Outra boa notícia é que 2014 registrou uma queda expressiva nos preços no atacado, que segundo a última leitura do IGP-DI registraram variação abaixo de 3,8% no ano. A expectativa é que em 2015 continuemos observando uma inflação pressionada, mas não pelos mesmos fatores que em 2014. A pressão inflacionária deste ano deve estar mais ligada aos reajustes de preços administrados, como transporte público e energia elétrica, e ainda a existência de alguma expectativa de desvalorização cambial. Desta maneira, boa parte do choque inflacionário de 2015 deve se concentrar no primeiro trimestre, se dissipando ao longo do restante do ano até fechar os 12 meses novamente abaixo do teto da meta. A execução de uma política fiscal e monetária restritivas certamente podem contribuir neste sentido, apesar de gerar um risco recessivo para a economia brasileira.
AGENDA DO DIA
EVENTO HORÁRIO ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO
IPCA 9h IBGE
IGP-DI 9h FGV
Análise: Guilherme Mello, Economista
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