ECONOMIA NACIONAL
Queda no preço de commodities ameaça países emergentes: Os preços do petróleo, minério de ferro e carvão alcançaram níveis há muito não vistos, similares aos encontrados durante a fase mais aguda da crise internacional de 2009. O barril de petróleo tipo brent encontra-se hoje pouco acima dos US$ 60, valor similar ao de 2009 e que inviabiliza a exploração de diversas reservas petrolíferas ao redor do mundo. O minério de ferro e o carvão, cotados próximos a US$ 70 dólares a tonelada, também apresentam mínimas na história recente, particularmente devido à desaceleração no ritmo de crescimento chinês. Além disso, a profunda e recorrente crise europeia e japonesa, conjugadas a fatores como a crescente exploração do gás e óleo de xisto nos EUA e a recusa do OPEP de reduzir a oferta mundial de petróleo, tem pressionado para baixo os preços de uma série de commodities. Em um cenário de dificuldades em retomar o crescimento econômico, países como Brasil, Rússia e outros emergentes que tinham como um dos motores da expansão o mercado externo, agora observam uma crescente deterioração de suas posições em transações correntes, que os levam a desvalorização cambial inevitável. No caso brasileiro, o real está cotado próximo a R$ 2,70, valor superior àquele encontrado na crise de 2009 mesmo diante de uma maciça fuga de capitais. O rublo russo, por sua vez, experimenta uma desvalorização de mais de 10%, trazendo consigo os clássicos problemas de inflação e aumento de juros para conter a fuga dos investidores estrangeiros de sua moeda (o BC russo anunciou o aumento dos juros para 17,5% hoje, se configurando como a maior taxa de juros do mundo), procurando evitar assim um overshooting cambial.
Comentário: A reconfiguração da economia internacional hora em curso impõe grandes desafios para uma economia como a brasileira, que se acostumou nas últimas décadas a importar bens manufaturados (seja bens intermediários, bens finais e bens de capital) e exportar bens primários (particularmente alimentos e minério). A desaceleração chinesa, a recuperação americana sem grande ampliação das importações (ao menos dos produtos que exportamos) e crise nos preços das commodities criam um cenário de fim de ciclo na economia mundial, em que o Brasil terá que se adaptar de maneira rápida para evitar um período de prolongada prostração. A desvalorização controlada do real, em conjunto com uma política industrial mais agressiva e planejada, pode se somar aos esforços de investimento público e privado em infraestrutura (tanto logística quanto em energia) para reduzir as desvantagens competitivas da indústria nacional, permitindo que em alguns anos o Brasil reconstrua parte de seu parque industrial perdido. Para isso ocorrer, no entanto, é de fundamental importância que este plano seja suportado por uma política macroeconômica que recupere a confiança do investidor sem gerar efeitos recessivos que impeçam os empresários de tomarem novas e mais ousadas decisões de investimento.
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Análise: Guilherme Mello, Economista
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