ECONOMIA NACIONAL
IPCA em 12 meses se reduz e caminha para dentro da meta: A inflação medida pelo IPCA acumulada em 12 meses apresentou nova redução no mês de novembro, passando de 6,59% em outubro para 6,56% no mês passado. A inflação registrada em novembro foi de 0,51%, sendo que no mesmo mês do ano de 2013 o IPCA apresentou elevação de 0,54%. O maior aumento no índice, que em outubro havia apresentado alta de 0,42%, decorre de uma aceleração nos preços de alimentos (alta de 0,77%), que representou 37% do valor total do IPCA no mês. Outro grupo que apresentou alta acentuada foi habitação, com variação positiva de 0,69%, enquanto artigos de residência apresentaram queda de 0,04%. Na noite de quarta-feira, o Bacen havia anunciado a elevação de 0,5 ponto percentual na taxa de juros básica da economia, a Selic, como forma de combater a inflação, particularmente aquela decorrente de uma eventual desvalorização cambial.
Comentário: Apesar do aumento na comparação mensal (já esperado e típico para este período do ano), a redução do IPCA no acumulado de 12 meses indica que a inflação deve fechar 2014 dentro do teto superior da meta. O mês de dezembro, que há muito vem sendo apontado neste boletim como decisivo para definição do acumulado em 12 meses da inflação de 2014, deve apresentar queda em relação ao verificado no ano anterior, quando superou a casa dos 0,9% devido ao aumento dos combustíveis então anunciados. Este ano, a expectativa é que o IPCA de dezembro seja menor do que o verificado no ano passado, levando a inflação novamente para dentro da meta. A preocupação ainda são os preços dos alimentos, que tem avançado no atacado e começa a se refletir no varejo (no IGP-DI divulgado hoje, alimentos processados subiram 1,75%, após subirem 0,03% em novembro). Do ponto de vista do diagnóstico e dos possíveis remédios para a inflação, a ideia bastante propagada na mídia de que a inflação brasileira se deve ao excesso de gastos do governo não encontra nenhum amparo na realidade. Em uma economia lenta, com o consumo das famílias tendo parado de crescer, não faz sentido manter a avaliação de que a inflação brasileira decorre de excesso de demanda. Desta forma, a única maneira que uma elevação dos juros ajudará a conter a inflação é a já conhecida atração de capitais externos, que valoriza a taxa de câmbio e reduz o preços dos importados. O lado cruel desta equação já é conhecido: a valorização cambial retira competitividade dos produtores nacionais, desestruturando as cadeias industriais e retirando dinamismo da economia brasileira. Se valer mais uma vez deste arranjo macroeconômico para combater a inflação pode ter efeitos deflacionários no curto prazo, mas deve se mostrar um equívoco no futuro, como tem se mostrado no presente ao prejudicar nosso projeto de desenvolvimento.
AGENDA DO DIA
EVENTO HORÁRIO ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO
IPCA/Brasil 9h IBGE
IGP-DI/Brasil 8h FGV
Análise: Guilherme Mello, Economista
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