No último domingo, 14 de setembro, os russos foram às urnas para escolher 30 governadores, representantes de 14 parlamentos regionais, prefeitos e vereadores. Embora mais de 75 milhões tenham participado do processo eleitoral em todo o país, as atenções se voltam para a Crimeia, território de maioria étnica russa que foi incorporado ao país no último mês de março no contexto dos conflitos separatistas na Ucrânia. Nas eleições legislativas da região, o partido Rússia Unida, do Presidente Vladimir Putin, lidera a apuração com 71% dos votos, seguido do ultranacionalista Partido Democrático Liberal, com 9%, e do Partido Comunista, com 6,6%. Não é de se esperar que os EUA e seus aliados reconheçam o processo eleitoral na Crimeia. De qualquer forma, os resultados fortalecem Putin e fornecem elementos de legitimidade para o ato de anexação da região depois de um referendo relâmpago realizado em março.
Na Suécia, o Partido Social Democrata obteve 31,1% dos votos (percentual semelhante à votação de 2010). O partido Moderado, do atual ministro conservador Reinfeldt, perdeu quase 7% dos votos em comparação às eleições passadas e ficou em segundo lugar, com 23,2% (embora os dois partidos tenham obtido votação semelhante em 2010, naquela ocasião os moderados conseguiram formar uma aliança mais ampla com partidos de centro-direita). Contudo, grande parte das atenções está depositada na votação de mais de 13% obtida pelo partido de extrema-direita Democratas Suecos, que chegam como a terceira força no Parlamento, com sua plataforma xenófoba e anti-imigração. Os verdes e o Partido de Esquerda obtiveram, respectivamente, 6,8% e 5,7% dos votos. As negociações para a formação do novo governo ainda estão em andamento. Uma eventual coalizão entre a social democracia, os verdes e o Partido de Esquerda ainda seria minoritária. O cenário mais provável é que a social democracia tente formar um governo com os verdes e um partido mais ao centro, sob o argumento de evitar uma coalizão entre os conservadores e a extrema-direita. Embora siga em patamares bastante baixos, as políticas conservadoras dos últimos oito anos levaram a um relativo aumento da desigualdade e do desemprego no país, o que explicaria a queda de quase 7% na votação do partido moderado, atualmente no poder, a volta da social democracia e a ascensão da extrema-direita. Uma das respostas à crise econômica em vários países europeus tem sido um aumento da xenofobia e da criminalização de imigrantes, capitalizada por partidos de extrema-direita como a Frente Nacional na França, a Aurora Dourada na Grécia, a Aliança para a Alemanha e os Democratas Suecos.
A crise também tem estimulado alguns movimentos de independência, como na Catalunha e na Escócia. No dia 18, a Escócia terá um plebiscito para decidir sobre sua independência do Reino Unido. Até o último mês, o não à independência possuía certa vantagem, mas nos últimos 30 dias a diferença se diluiu. Segundo pesquisas diárias há um empate técnico e algumas chegam a registrar a vitória do sim à independência. Contra a autonomia escocesa, os partidos britânicos têm feito uma campanha do medo sobre o futuro de uma Escócia independente. Os nacionalistas escoceses, por sua vez, têm conseguido mobilizar o voto pró-independência em crítica aos programas de austeridade do governo britânico – boa parte da renda do petróleo escocês não retorna à região, ao contrário, há diminuição dos investimentos por conta das políticas de austeridade. Caso o voto pró-independência seja majoritário podem ter influência sobre outras regiões que historicamente lutam por autonomia, sobretudo na Espanha (País Basco, Catalunha), mas também em outras regiões como Flandres e Córsega.
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