XX Foro de São Paulo se encerra com música e leitura da Declaração
Realizada em La Paz, na Bolívia, vigésima edição do Foro de São Paulo promoveu a integração dos partidos de esquerda e progressistas da América Latina e Caribe
A vigésima edição do Foro de São Paulo se encerrou nesta sexta-feira, 29, em La Paz, na Bolívia, com a realização de uma plenária, dividida em duas partes, e um Ato de Encerramento, show com músicas da tradição latinoamericana revolucionária, e fala de encerramento de David Choquehuanca, ministro das relações exteriores da Bolívia.
A plenária da manhã contou com a participação da vice-presidenta da Fundação Perseu Abramo (FPA), Iole Ilíada, que fez o informe da reunião de Fundações e Escolas de Formação, realizada no dia anterior.
Iole falou sobre as atividades da Comissão de Fundações e Escolas do Foro
“”Registramos como muito positivo o fato de que, ainda que a Comissão de Fundações e Escolas do Foro seja muito recente, tendo sido efetivamente constituída em 2011, já tenha sido capaz de organizar uma oficina de metodologia, três cursos de formação e quatro seminários de balanço dos governos de esquerda e progressistas da América Latina. Mas estamos conscientes de que podemos e devemos fazer ainda muito mais”, ressaltou, sob aplausos, a vice-presidenta da FPA.
Leitura compartilhada da Declaração do XX Foro de São Paulo, em La Paz
A plenária da tarde contou com informes diversos sobre as atividades realizadas durante a semana no Foro, e a leitura da Declaração do XX Foro de São Paulo, (baixe aqui ou no ícone ao lado deste texto) pela mesa que contava com a presença do diretor da FPA, e assessor da secretaria de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores, Kjeld Jakobsen.
As boas vindas no ato de encerramento foram dadas por Leonilda Zurita, secretária de relações internacionais do Movimiento al Socialismo (MAS) da Bolívia, que fez um pedido aos participantes do Foro: “o único que pedimos aos irmãos que nos visitam, cuidem dos presidentes de nossos países que trabalham para os povos de nossas pátrias. E que nossos comandantes Fidel Castro, Lula, Evo, continuem trabalhando para nosso povo”.
Leonida: “momento é de grande responsabilidade”
Em seguida, Jose Balaguer, membro do secretariado do Partido Comunista de Cuba, destacou que vivemos hoje uma época de grandes responsabilidades para a América Latina e Caribe. “A região pode demonstrar uma grande quantidade de processos nacionalistas, cada um a sua maneira, respondendo somente aos seus povos, recuperando os setores estratégicos, para garantir mais saúde, educação e mais distribuição de riquezas”, disse o revolucionário cubano.
Após Balaguer, o representante do Partido de la Revolución Democrática (PRD) do México, Iran Moreno, afirmou que veio ao Foro para aprender e compilar o conhecimento dos diferentes partidos de esquerda que hoje governam países na América Latina, e fez um agradecimento “a todos que aqui estão, em especial ao Partido dos Trabalhadores do México, que junto conosco, o PRD, vai realizar XXI Foro de SP no México, em 2015. Agradeço aos irmãos e irmãs de Bolívia por sua hospitalidade, e os aguardamos no México com o mesmo espírito fraterno e revolucionário aqui encontramos”.
Já a secretária executiva do Foro de São Paulo, e secretária de Relações Internacionais do Partido dos Trabalhadores, Mônica Valente, fez a penúltima fala do Foro ressaltando a participação das mulheres presentes no Foro, “especialmente as mulheres bolivianas, que estão ajudando ao presidente Evo a construir um novo país.”
Mônica reconheceu o esforço do MAS em realizar um Foro repleto êxitos, e saudou a participação dos companheiros da Venezuela, Cuba e Bolívia, que capitanearam a “guerrilha virtual” de divulgação do Foro, “pelos 2,8 milhões de pessoas acompanharam a hashtag forodesaopaulo, as 980 fizeram contribuições com a hashtag, com 15,3 milhões de tuites, o que significou 60 tuítes por hora, com certeza o maior sucesso que o Foro já teve nas redes”.
Dirigindo-se diretamente ao povo boliviano, Mônica afirmou que o governo de Evo Morales é um verdadeiro governo dos movimentos sociais. “Vi com meus próprios olhos o êxito do governo de Evo, e, além disso, creio que nem mesmos nós temos consciência da profundidade das mudanças do processo boliviano sob seu o comando. O que Evo fez nesses anos, de participação política social e cidadã, é um exemplo para a América Latina. A história vai se encarregar de analisar isso, fazendo o povo boliviano ser cada vez mais protagonista em seu país”, disse a secretária executiva do Foro.
Mônica: “povo boliviano está sendo o protagonista de seu país”
Após um show de músicas locais, o ministro das relações exteriores da Bolíviva, David Choquehuanca, fez a fala de encerramento do Foro, curiosamente refutando o conceito de encerramento: “não vim aqui para fechar, porque encerrar é algo que não serve, vim apoiar essas conclusões a que vocês chegaram, para difundi-las. Não há o que encerrar, temos que seguir trabalhando. E também não vim agradecer, mas saudar e valorizar.”
Choquehuanca lembrou que é uma obrigação de todos “defender a vida, recuperar nossa identidade, recuperar nossos recursos naturais para nossos povos”. Para o ministro, os participantes do Foro e governantes de países “não têm que trabalhar para que nos agradeçam, é nosso obrigação recuperar nossa filosofia, nossa música, salvar o planeta terra, e ampliar nossa integração.”
Para o chanceler, é uma obrigação de todos levantar as bandeiras da unidade, bandeiras da harmonia, paz, integração, as bandeiras da esperança, da soberania. “É uma obrigação de cada um de nós lutar contra o imperialismo, despertar nosso fogo que nunca se apaga. Existimos durante século, começamos a recuperar a esperança, para voltar ao caminho da harmonia, com identidade própria”, disse, acrescentando que finalizaria sua fala lembrando algo que os tupamaros (movimento de libertação do Uruguai) lhe deram de presente no início dos anos 1980: “uma bandeira vermelha com letras negras dizia um dia haverá pátria para todos”, concluiu Choquehuanca.
(Fotos: Joaquim Soriano/FPA)