No Texto para Discussão 1.950 do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de título “Evolução do acesso de jovens à educação superior no Brasil”, Corbucci (2014) analisa a evolução do acesso à educação superior entre jovens de 18 a 24 anos, no período de 2000 a 2010. O autor constata que em 2010 52% desta população não havia concluído o ensino médio; no entanto, o acesso à educação superior nessa faixa etária mais que dobrou de 2000 a 2010 e isso poderia ser parcialmente explicado justamente pela ampliação do número de concluintes do ensino médio a partir da década de 1990.
O estudo afirma que os maiores incrementos percentuais das matrículas na educação superior ocorreram nas regiões que detinham as menores taxas de frequência líquida neste nível de ensino: Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que também apresentam baixo índice de conclusão do ensino médio. O estudo também aponta que cresceu a participação das cidades do interior na oferta de vagas das Instituições de Ensino Superior (IES) públicas. De modo contrário, houve leve redução no âmbito do setor privado nas cidades do interior. O estudo também mostra que a expansão das matrículas em cursos de graduação presenciais foi intensa entre 1998 e 2003, crescendo acima de 9% ao ano. A redução do crescimento das matrículas em cursos presenciais a partir de 2004 teria sido em certa medida compensada pelo aumento expressivo na educação a distância: esta modalidade de ensino respondia por apenas 0,06% das matrículas na educação superior em 1996, mas em 2010 já representava 14,5% do total.
Quando se considera a renda domiciliar per capita, verifica-se que 61,7% dos jovens de 18 a 24 anos auferiam até um salário mínimo e apenas 14,5% auferiam mais de dois salários mínimos. Segundo o estudo, existe uma inequívoca associação entre renda e frequência à educação superior: para os jovens de 18 a 24 anos com renda superior a dois salários mínimos, o acesso à educação superior é equivalente ao da maioria de países integrantes da OCDE. Para Corbucci (2014), “caso a distribuição da população por faixas de renda fosse mais equilibrada, é provável que a taxa de frequência líquida na educação superior atingisse patamar mais elevado”. O estudo também mostra que jovens pardos e pretos têm desvantagem em relação a brancos no acesso à educação superior e essas diferenças são maiores nas regiões Sul e Sudeste.
A expansão no ensino superior verificada nas duas últimas décadas fez o país avançar mais rapidamente que boa parte de seus vizinhos. Para Corbucci (2014), a ampliação do acesso à educação superior no Brasil para atingir a meta de taxa de frequência de 33% que integra o Projeto de Lei do Plano Nacional de Educação (Meta número 12 do PL 8.035) dependerá grandemente do aumento do número de concluintes do ensino médio, indo portanto além dos esforços para a ampliação da oferta de vagas e da concessão de subsídios.
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