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14 de abril de 2014
ECONOMIA NACIONAL
IGP-10 arrefece, mas expectativas continuam se deteriorando: O Índice de Preços ao Consumidor–10 (IGP-10), medido pela FGV, apresentou desaceleração em abril, registrando alta de 1,19% contra 1,29% na leitura de março. Os alimentos no atacado ainda são os itens que mais pressionam o índice, tendo subido 3,84% contra 4,27% em março. Apesar da redução da pressão inflacionária em abril, que deve se ampliar nas leituras das próximas semanas e levar os índices inflacionários do mês para patamares inferiores aos verificados em março, as expectativas do mercado e da população continuam apresentando sinais de piora. No mercado, o boletim Focus apresenta nova deterioração no cenário inflacionário dos analistas financeiros, que, em média, agora esperam uma inflação de 6,47% em 2014 (partindo de 6,35% na leitura da semana passada), elevando a expectativa de inflação em 2015 para 6% (partindo de 5,84%). Além disso, um novo indicador de otimismo divulgado hoje (derivado da pesquisa Datafolha de 2 e 3 de abril) apresenta uma deterioração nas expectativas econômicas da população, que apesar de permanecer otimista quanto a sua situação pessoal, está pessimista quanto às expectativas econômicas do país e com medo da inflação e do desemprego.
Comentário: A mudança no sentido das pressões inflacionárias (de crescimento para queda) já era esperada, restando agora saber qual será o ritmo em que a descompressão dos preços ocorrerá. O quadro mais provável é que abril ainda seja um mês contaminado pelo aumento dos preços dos alimentos, que devem parar de pressionar a inflação apenas em maio, quando o acumulado de 12 meses da inflação já deve estar próximo de 6,5% novamente. De qualquer forma, tal descompressão rápida pode demonstrar a tese do governo e do Banco Central de que o choque é temporário e não terá maiores impactos sobre o conjunto dos preços da economia. Por outro lado, a deterioração das expectativas continua a preocupar, principalmente por ter aparentemente atingido a população no quesito inflação e emprego. É bastante fácil para o governo mostrar para a população que o risco de desemprego é fruto de um pessimismo artificial criado por setores da mídia e do mercado financeiro e que não guarda qualquer semelhança com a realidade. A percepção de aumento da inflação, no entanto, é de desconstrução e explicação mais complexas, pois exige que o cidadão compreenda a diferença entre choques momentâneos de preços (que realmente têm sido recorrentes no Brasil) e tendências mais estruturais da economia e da taxa de inflação, ideia difícil de ser comunicada diante da realidade de crescimento dos preços dos alimentos. Diante da ofensiva midiática sobre o tema, talvez a ideia mais fácil de comunicar ao cidadão é o fato de que, apesar do aumento momentâneo da inflação, sua renda e seu salário estão crescendo mais que a inflação, dado verificável da realidade, mas ainda não percebido pelo eleitor segundo a pesquisa Datafolha (que aponta que a expectativa do crescimento do poder de compra do brasileiro está baixo).
AGENDA DO DIA
EVENTO HORÁRIO ÓRGÃO DE DIVULGAÇÃO
IGP-10 8h FGV
Boletim Focus 8h30 BC
CAGED 15h Min. do Trabalho
Produção industrial/Europa 6h Eurostat
Análise: Guilherme Mello, Economista