Por Ariane Leitão

As mudanças no comportamento da sociedade, no último período da história, trouxeram também novas formas de comunicação, com destaque para o diálogo em rede. No Brasil, as manifestações de junho do ano anterior provaram a capacidade de mobilização que estas redes sociais virtuais podem produzir. Para além das ruas, as reivindicações proliferaram e se tornaram pauta na agenda política nacional. O clamor daqueles que exigiam mais direitos necessita, portanto, que assumamos novos desafios e, enquanto gestoras e gestores públicos, que possamos oferecer respostas para esta nova perspectiva de ver o mundo, articulado em rede e em conexão com todos os segmentos sociais.

O  mundo globalizado impunha a quebra de fronteiras, a concentração de riquezas, o enfraquecimento de identidades nacionais e locais, a propagação da ideia de individualização social  e  da competitividade.  Através da internet, principal ferramenta para a expansão do diálogo em rede, este cenário promoveu, ainda, o fortalecimento do capitalismo, hoje repudiado em massa por quem vai às ruas em busca de seus direitos e que se utiliza novamente da internet para demonstrar a insatisfação com o modelo imposto. Logo, percebemos que a ferramenta antes utilizada para o fortalecimento de um modelo social, foi também o principal elemento para questioná-lo.

Ocorre que, mesmo em meio a toda essa movimentação mundial pela garantia de direitos e maior visibilidade dos mais variados grupos, no Brasil as reivindicações das mulheres ainda não figuram entre as pautas principais, das quais se exige mudanças. O preconceito que gera violência é tema permanente na vida das brasileiras. Portanto, a realidade de mais da metade da população do país. O cenário exige respostas públicas, que gerem efeito social. Seja através da mobilização popular ou a partir da atuação dos governos, estamos trabalhando para que as demandas femininas estejam entre as prioridades de discussões e de ações do poder público.

No Rio Grande do Sul, através das políticas públicas para as mulheres, os resultados quanto à visibilidade de nossas lutas têm sido positivos. A resposta pública veio em forma de ação. No último período, tivemos recordes de investimentos do Governo do Estado para as mulheres. Atuamos transversalmente e em parceria com outras secretarias e poderes. Assim, provamos que o trabalho da Rede Lilás contribui não só para ampliação do nosso espaço na agenda política gaúcha mas, especialmente, para a transformação da vida das mulheres.

Atuando nesta perspectiva de rede, a Secretaria de Políticas para as Mulheres do RS promove ações que perpassam a questão da proteção e do enfrentamento à violência e trabalha na perspectiva emancipatória. O estímulo ao empreendedorismo, à formação intelectual, à garantia de direitos sexuais e reprodutivos são temas prioritários para a conquista da independência que nos liberta da tutela estatal. Portanto, assim como as manifestações, nosso trabalho também se desenvolve em rede. Identificando as prioridades advindas do movimento de mulheres, nossas conquistas estão para além das esferas governamentais.

Em 2014 estamos certas que nossa Rede Lilás estará fortalecida. Conectando mulheres, seja na forma virtual ou presencial, vamos intensificar o diálogo com o movimento social, com as mulheres do governo, com as mulheres das comunidades e tantas outras de representação exponencial no Estado. O ano será de desafios. O enfrentamento à lógica fundamentalista estará em nosso norte de atuação, contra o machismo e o conservadorismo. Assim como a garantia de maior participação feminina na vida pública do país em todas as esferas, através da reforma política.

É hora de aprofundar conquistas. Unidas e em rede, responderemos de forma positiva às demandas da diversidade das meninas e das mulheres do Rio Grande. Colaborando para a mudança cultural e conceitual da sociedade gaúcha. Ampliando nossa capacidade de ação e mobilização. Seguimos mais fortes.

Ariean Leitão é Secretária de Políticas para as Mulheres do RS

Publicado originalmente no portal Sul 21

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