Mesa discutiu o marco regulatório da comunicação, e investimento nos setores de telefonia, tecnologia, radiodifusão e da indústria cultural como motor do capitalismo

A mesa “Comunicações, desenvolvimento e democracia”, apresentada pelo professor Marcos Dantas, discutiu o marco regulatório da comunicação, tomando como base o pensamento marxiano, através do qual a redução do tempo para produção de mercadoria exige a comunicação, que embora não produza mercadorias, produz valor, daí o enorme investimento nos setores de telefonia, tecnologia, radiodifusão, da indústria cultural, que nasce no início do século XX e vem para o centro do sistema, como grande motor de alavancagem do capitalismo contemporâneo.   

Segundo Dantas, “a comunicação não se desenvolve no capitalismo para fomentar a democracia, mas para fomentar o capital” e a comunicação hoje se dá em rede: “as redes estão aí não para fazer militância, mas para acumular capital”. Dantas reforça que a informação não é um recurso por si mesmo apropriável, ele é compartilhável e aditivo – e nesse sentido, todo mundo acrescenta e ganha com isso.


Fernando Ferro, deputado federal por Pernambuco, participa da mesa

O professor chama a atenção para o fato de que hoje, desde 2010, existe mais televisão paga do que aberta no mundo. “Existe um grande conglomerado financeiro que domina os sistemas midiáticos. Os sócios, acionistas, são os mesmos, e entre as 50 maiores corporações midiáticas do mundo apenas duas são latino americanas – a Globo é a 25ª.”

Dantas cita questões legítimas que devem ser abordadas: a moralidade na política e uma outra agenda construtiva e transformadora. “A comunicação está no centro da acumulação capitalista, está no centro do poder e esta é a questão mais estratégica para o país”, afirma o professor.

Já Jonas Valente, coordenador do Intervozes, conta a experiência de trazer um debate sobre o processo de democratização da comunicação a partir do governo Lula. Afirma que há uma agenda política em disputa e levanta questões sobre como garantir que a comunicação seja democrática. Para Valente, “é importante que a FPA esteja enfrentando esse debate da comunicação. O PT tem oscilado na discussão pela democratização da comunicação, precisa entender que essa agenda é central e fazer a discussão de estratégias para disputar a correlação de forças nesse campo”, disse, acrescentando que “o direito à comunicação das pessoas não é o direito ao controle remoto”

Já o jornalista Leandro Fortes trata do ativismo digital, o que, segundo ele, não significa apenas o pronunciamento na rede, é necessário agrupar as pessoas em temas específicos e disseminá-los na internet. “O que precisamos é de uma alternativa à mídia. O que precisamos é não ter que falar com a Veja, precisamos ter uma outra rede para falar e de outra forma”. Para Fortes, são campos antagônicos: “os algozes não serão as pessoas que irão nos libertar”.

Além da mesa, estavam presentes Fernando Ferro, deputado federal por Pernambuco, que colocou o uso da internet para uso político, lembrando que as comunicações foram um forte instrumento de dominação durante a guerra fria e que ainda se encontra a favor da dominação, mas que as esquerdas e o PT precisa se apropriar e difundir essa discussão.

 

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