O secretário de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili, foi o convidado desta terça-feira, 12, do entrevistaFPA

Por Fernanda Estima

O secretário de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo, Rogério Sottili, foi o convidado desta terça-feira, 12, em mais uma edição do entrevistaFPA, com a diretora da Fundação Perseu Abramo, Fátima Cleide, como entrevistadora.

Mestre em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Sottili foi secretário-executivo da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e da Secretaria-Geral da Presidência da República

Dos grandes temas nacionais ligados à pauta de direitos humanos até chegar nas ações da prefeitura da capital paulista, Sottili relatou sua experiência durante os dois governos do presidente Lula.

Sottili: "para avançar em Direitos Humanos, é preciso ousadia"

Rogério Sottili e a pauta de Direitos Humanos no entrevistaFPA

Em sua retrospectiva, o secretário apresentou os caminhos traçados pelo Brasil no tema dos direitos humanos, que ganharam força a partir da Constituição de 1988, e se consolidaram nos dois governos do presidente Lula. “Conquistamos importantes avanços com a Constituinte, mas foi a partir do governo Lula que avançamos em passos mais definitivos. Foi quando Lula institui a participação social como método de gestão e é quando chegam as demandas de direitos humanos, reprimidas desde a ditadura militar”.

O que era uma “agenda marginal”, segundo Sottili, passa a ser centro nas políticas e ações do Estado, como o combate à fome, a criação das secretária de Direitos Humanos, de Políticas para as Mulheres e da Igualdade Racial. O Brasil começa a ter uma postura perante os órgãos internacionais reconhecendo os problemas do Brasil e se compromete com o que ainda falta ser conquistado. Para o secretário, antes do governo Lula havia carência absoluta de muitos direitos, inclusive a falta de registros de nascimento.

De Brasília para São Paulo
Agora à frente da pasta Direitos Humanos na prefeitura da capital paulistana, Sottili defende que “direitos humanos é uma política meio, depende da transversalidade entre as secretarias”, e conta com o apoio do prefeito Fernando Haddad, que “colocou direitos humanos como pauta de seu governo”.

A participação dos internautas trouxe questões relacionadas à violência contra a juventude negra, ocupação dos espaços públicos, homofobia e educação básica como forma de acabar com os preconceitos, atuação da Guarda Civil Metropolitana, cracolândia, Comissão da Verdade, entre outros.

Para Sottili, “tão importante quanto a segurança pública é a garantia de direitos para prevenir a violência nas periferias”. Para responder sobre morte da juventude negra, ele apresentou o recém lançado Programa Juventude Viva, que terá 53 ações em várias regiões da cidade, voltadas para a promoção de políticas públicas globais. “É preciso mudar a cultura da violência com promoção de programas de direitos humanos”, diz o secretário, afirmando acreditar que só a repressão não resolve. “O Juventude Viva é a resposta da cidade para a vulnerabilidade da juventude”, explicou.

O Ossário Geral do Cemitério do Araçá (SP) foi depredado na madrugada de domingo, 3, menos de 24 horas depois do ato inter-religioso do Comitê Paulista pela Memória, Verdade e Justiça. O espaço abriga as mais de mil ossadas de mortos e desaparecidos políticos, encontrados em 1990 no cemitério de Perus.
 
Ao comentar a depredação, Sottili afirmou que tratou-se de “uma agressão aos direitos humanos”. Para ele é muito importante a atuação da Comissão da Memória e da Verdade, a abertura dos arquivos e a urgente aceleração da identificação das ossadas.

“Estamos fazendo muito e sabemos que há muitos desafios. É preciso ousadia para avançar”, disse Sottili ao encerrar sua participação no entrevistaFPA.

Assista a íntrega do entrevistaFPA com Rogério Sottili